A ligação da avenida Afonso Pena com comércio de Belo Horizonte existe desde a fundação da capital mineira, em 1897. Acir Antão, 76 anos, jornalista e apresentador da rádio Itatiaia, lembra com detalhes de lojas que marcaram época no período em que a Afonso Pena era coberta por árvores e ponto de encontro de estudantes e da ‘alta sociedade’. Belo Horizonte completa 127 anos nesta quinta-feira (12).
Leila Calçados , Telesom, Café Pérola, Rei do Sanduíche, Mesbla, Bemoreira, TV Itacolomi (funcionava no Acaiaca) Copiadora Brasileira, Inglesa Levy, Elmo Calçados e Camisaria Cadillac são alguns exemplos citados por Acir Antão.
“Comprei minha primeira camisa e meu primeiro sapato na Camisaria Cadillac, pagando com carnê. Isso foi em 1962, quando tinha 14 anos. Foi com o salário do meu primeiro emprego. Trabalhava em uma oficina mecânica e ganhava meio salário-mínimo. A carteia de trabalho era o primeiro documento que a gente tirava. O alistamento militar era o segundo”, lembra Acir.
O apresentador diz que a implantação do sistema de ônibus começou a mudar as características do Centro da capital. Quase 130 depois, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, destaca que lojas localizadas na Afonso Pena estão entre as mais procuradas por comerciantes.
“Avenida Afonso Pena é o coração pulsante da nossa cidade. É onde tudo acontece de modo acelerado. Segundo estimativas da Polícia Militar, mais de 1 milhão de pessoas passam por sua extensão em um dia útil. A avenida é uma referência para o comércio e consumidores que circulam por ela todos os dias. Para o comerciante, é fundamental estar onde o público também está. Por isso, é uma das ruas mais requisitadas da cidade para abertura de lojas”, diz.
Além da movimentação nos dias úteis, a avenida Afonso Pena recebe, aos domingos, a Feira Hippie. “Um dos nossos maiores atrativos turísticos está localizada. Isso faz com que a avenida tenha ainda mais importância”, ressalta Marcelo.
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a Feira Hippie recebe cerca de 60 mil pessoas por domingo. Em dezembro, em razão das compras de Natal, o movimento aumenta de 30 a 35%. Idealizada por um grupo de artistas mineiros e críticos de arte, a feira surgiu na Praça da Liberdade em 1969.
Ainda de acordo com a PBH, em 1991, a Feira Hippie e outras feiras de artesanato espalhadas pela cidade foram reunidas e transferidas para a Afonso Pena, se tornando a maior feira de artesanato a céu aberto da América Latina.
Mariana e Acaiaca
Marcelo de Souza e Silva destaca ainda a importância de prédios históricos, como o Acaiaca e Mariana, para o Centro da capital.
Um dos mais antigos da cidade, o edifício Mariana foi construindo na década de 1940, é patrimônio cultural da cidade, é considerado o reduto das noivas, debutantes e madrinhas.
“Para se ter ideia, a expectativa é que o setor movimente R$ 32 bilhões o Brasil em 2025. Com tanta oportunidade e tradição, o edifício Mariana se mantém vivo a oferecer a experiência do atendimento presencial e de qualidade. Ele oferece, aos noivos e familiares, muitas A atenção que eles precisam”, disse.
Já o edifício Acaiaca, que também é década de 1940, foi o primeiro arranha-céu da cidade, construído durante a Segunda Guerra Mundial.
“O Acaiaca é um dos edifícios que melhor resiste à passagem do tempo. A arquitetura se mantém imponente. A localização privilegiada é perfeita para os profissionais que precisam estar junto ao público, como consultórios e escritórios de direito. Além disso, o local está atualizado às demandas da população, que cada vez mais busca lugares acessíveis e diferenciados para se divertir. Nesse ponto, o Terraço do Acaiaca está cada vez mais forte e conhecido, oferecer happy hour e uma vista incrível da cidade”, diz.
Confira outros episódios da série BH Como eu Te Vejo:
- De prédio de dentistas a reduto das noivas, Edifício Mariana se transformou em 84 anos de história em BH
- No ‘coração da cidade’, Rodoviária de BH já foi feira, recebeu famosos e é lugar querido pela população
- Vendedora que comprou casa própria trabalhando no Centro de BH se declara à Praça 7: ‘Ar que respiro’