“A Afonso Pena foi o ponto de desembarque do coletivo no qual eu vim fazer o processo seletivo. Há 22 anos estou aqui”, conta Daniel Bregunce, gestor de tráfego da Rodoviária de Belo Horizonte.
Foi na Rodoviária que ele teve o primeiro contato com Belo Horizonte e a Avenida Afonso Pena, a principal da Capital e que nasceu junto com ela. Para celebrar os 127 anos de Belo Horizonte, que serão completados em 12 de dezembro, a Itatiaia te leva para um passeio pelos principais pontos da Avenida Afonso Pena pelo olhar de seus frequentadores.
O primeiro episódio da série especial “BH como eu te vejo” mostra como o início da avenida, representado pela Rodoviária de BH e a Praça Rio Branco, tem um lugar especial no coração e na vida dos belo-horizontinos. É nesse local que também acontece o primeiro contato de muitos mineiros com a capital e com os sonhos que ela representa.
Daniel Bregunce, que cuida do tráfego dos mais de 900 ônibus e 20 mil passageiros da rodoviária em dias ‘normais’, diz que a Afonso Pena é um eixo central em BH, e que “sem ela, a cidade não teria uma referência, um ponto de encontro para manifestações, reivindicações. É o coração da cidade”.
Família e sustento
O engraxate Vicente Dinarti Carvalho e a passageira Helena Mitraud compartilham da mesma opinião. Para eles, a rodoviária é o ponto de conexão com a família.
Vicente herdou a engraxataria do pai
Vicente recebeu o nome do pai, Vicente Souza, conhecido como Zulu. O pai foi quem fundou a engraxataria da rodoviária em 1985. O filho trabalha na rodoviária há 20 anos, mas só assumiu a frente do negócio após a morte do pai, em 2020.
“A gente foi criado nesse ambiente aqui, rodoviária e Belo Horizonte de uma forma geral. (...) Meu pai ajudou muita gente aqui nessa engraxataria, ajudou a criar família com isso aqui. Tem muita importância pra nós, mas pra muita gente”, disse.
Além da família, a Rodoviária também permitiu conhecer famosos, como o jogador Dadá Maravilha, ídolo do Atlético, e o goleiro Milagres, do América.
A rodoviária é o que conecta a estudante Helena Mitraud aos avós, que moram em Moeda, na região Central de Minas
Já para Helena, a rodoviária é o que a liga aos avós. “Para mim, é um espaço onde as pessoas vão fazer coisas que são importantes para elas. No meu caso, utilizo a rodoviária para viajar para Moeda (MG), que é onde meus avós moram. Eu tenho uma conexão muito forte com eles”, comenta.
Rodoviária foi inaugurada há mais de 50 anos
O prédio da Rodoviária de BH é de estilo modernista e já foi considerado um dos maiores terminais da América Latina
Mas apesar de BH ter sido inaugurada em 1897, a história desse espaço tão especial na história de BH e de tanta gente só começou na década de 1940. Na época, a rodoviária era uma pequena estação de passageiros, com espaço para 10 ônibus, e ficava atrás da Feira Permanente de Amostras.
Em 1965, a feira foi demolida para dar lugar à atual rodoviária, já que a antiga já não comportava a demanda da capital. O
Reforma da Praça Rio Branco
Nesses mais de 50 anos da rodoviária de BH, muita coisa mudou, inclusive no seu entorno. Entre as mudanças mais recentes está a
Mas, se engana quem pensa que os transtornos da obra incomodam os comerciantes e moradores. Por aqui, a opinião é que a revitalização da Praça Rio Branco vai trazer melhorias para o entorno.
“Espero que melhore, né? Já é boa, mas melhorar mais um pouquinho é essencial. Aqui é de onde eu tiro o sustento da minha família. Se não tivesse aqui eu não teria serviço”, afirma Pierre Gonçalves, vendedor em uma banca de revistas.