O que te vem à cabeça quando pensa no Edifício Mariana, na avenida Afonso Pena, no coração de Belo Horizonte? A resposta é fácil: vestidos de festa. O prédio, construído na década de 1940, é um dos mais antigos de BH. Considerado patrimônio cultural da cidade, o edifício Mariana é, hoje, o reduto das noivas.
Mas não foi sempre assim! Antes disso, o prédio de 12 andares com 272 lojas já abrigou comércios de todos os tipos. Até os anos 1970, foi conjunto de salas de dentistas, advogados, médicos e alfaiates. Depois, ponto de pronta-entrega nos anos 1980. O segundo episódio da série especial “BH como eu te vejo” conta essa história.
À frente da loja Traje a Rigor, Jussara Vilela, 55 anos, viu essa transformação acontecer.
“Aqui era um prédio que tinha muitos advogados e dentistas. Meu pai era fotógrafo profissional e ele tinha um estúdio aqui. Já minha mãe fazia os vestidos de noiva. Então, eles trabalhavam juntos. Ela fazia o vestido e ele fotografava”, contou.
Devido aos altos custos, surgiu a ideia do aluguel de vestidos. “Na época, nem alugava porque não tinha isso, né? O pessoal fazia o vestido e vendia. Porém, o custo era alto, então alguns clientes começaram a perguntar se ela não fazia para poder alugar para o custo sair menor”, disse.
Ela se lembra da mãe viajar a São Paulo para comprar os trajes e, assim, a loja foi crescendo e se consolidando. “Tenho clientes que vieram alugar para serem pajens com dois aninhos que já casaram e alugaram de novo”, contou. Ela ainda contou, que o edifício que a gente conhece hoje, se tornou o que é há cerca de 15 anos. “Virou o shopping das locações”, disse.
Negócio de família
O negócio familiar é uma característica das lojas do Mariana. A joalheria Mayra, a mais antiga que continua em funcionamento, tem 48 anos. Celso Luiz Guimarães, 72, foi o fundador e, agora, repassa os ensinamentos dos trabalhos manuais aos dois filhos. “Mas tem muitos clientes que ainda exigem que o Celsinho atenda eles. Todo mundo me chama de Celsinho”, contou.
Não é para menos! Celsinho conta que já deu muita sorte aos casais quando a aliança era fabricada em suas mãos. “Já aconteceu várias vezes… Vem fazer a aliança e volta 25 anos depois para fazer a outra de bodas de prata”, lembrou.
São décadas de histórias e mais 1.500 pessoas todos os dias. A Itatiaia acompanhou a quarta vez que a arquiteta Monique Fernandes Miranda, de 35, vai ao prédio em busca do vestido para uma ocasião especial. “Em, 2016, tive a experiência de confeccionar o meu vestido de noiva. Hoje, chegando aqui, me lembrei de como foi vir com meu noivo, agora marido, com os pajens…”, disse. Agora, ela escolheu um vestido longo azul bebê para ir ao casamento como madrinha. “É muita opção, tanto de estilo quanto de preço”, contou.
Economia das festas
Além de alimentar os sonhos dos clientes, o Mariana é muito importante para BH por outro motivo. Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), explica que o prédio ajuda a movimentar o segmento de casamentos, que tem grande importância econômica.
“Para se ter ideia, a expectativa é que o setor movimente R$ 32 bilhões o Brasil em 2025. Com tanta oportunidade e tradição, o edifício Mariana se mantém vivo a oferecer a experiência do atendimento presencial e de qualidade. Ele oferece, aos noivos e familiares, a atenção que eles precisam”, explicou.
Do vestido para a igreja
Você pode até escolher o vestido de noiva, mas se quiser casar em uma das igrejas mais concorridas da cidade terá que esperar na fila! A 400 metros do edifício Mariana, está a icônica Igreja São José.
“O nosso santuário sempre foi muito bem requisitado para as celebrações dos matrimônios. Temos casamento nas sextas e nos sábados! Toda noiva que chega aqui se encanta com a igreja. Por isso, a agenda é muito concorrida”, contou o sacerdote Euler da Imaculada.
A Paróquia São José foi criada em 27 de janeiro de 1900, por Dom Silvério Gomes Pimenta. Mas só 4 anos depois, em março de 1904, que a igreja começou a ser utilizada como matriz. Em 1910, foi construída a escadaria principal e, entre 1911 e 1912, foi feita a bela pintura do seu interior. De acordo com ele, passam por ali cerca de 1, 5 mil pessoas todos os dias. Aos finais de semana, o número chega a 5 mil.