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Suspeito atingido por bala de borracha com calibre 12 morreu após mal súbito, diz porta-voz da PM

Major Layla Brunnela reforça que a munição de elastômero não foi causa do óbito

Familiares e amigos protestam contra abordagem que terminou com suspeito morto

A Polícia Militar informou na manhã desta terça-feira (8) que Michael Lenon dos Santos, 34 anos, morreu em decorrência de um mal súbito e não em razão do tiro de calibre 12, com munição de borracha, que levou quando estava dentro de uma viatura. A informação foi passada à Itatiaia pela major Layla Brunnela, porta-voz da PM. Ela reforçou que a munição usada é de elastômero.

“Houve um disparo de calibre 12, mas com munição de elastômero em uma pessoa presa com droga. Ele foi socorrido e, no hospital, ele teve um mal súbito, mas não correlacionado à questão do disparo. Foi munição de borracha”, destacou a major.

A ocorrência foi registrada no último sábado (5), bairro Jardim Leblon, região da Pampulha de Belo Horizonte. Michael é apontado pela polícia como traficante na região, com várias passagens pela polícia. Revoltados com a ação policial, familiares e amigos colocaram fogo em pneus e fecharam a esquina entre as ruas Coronel Antônio Lopes e Central, em protesto na noite dessa segunda-feira (7).

“É um traficante, teve resistência desde o início da abordagem. Inclusive, outros mecanismos de menor potencial ofensivo foram usados, como taser, que a gente chama de pistola de emissão de impulso elétrico (arma de choque) e bastão, mas ele continuou resistindo. Houve dificuldade para colocá-lo no cofre (viatura), foi inclusive pedido prioridade na rede, com apoio de outras guarnições”, explicou a major, que destacou ainda:

“O militar fez o disparo que a gente chama de direcionado, na perna dele, disparo de elastômero, munição de borracha, que não foi a causa morte. Isso gera hematoma, gera impacto ali na hora, mas não é causa inicial do óbito”, reforçou.

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O que diz o Boletim de Ocorrência

Conforme o Boletim de Ocorrência (BO), a ação foi iniciada após uma denúncia de que Michael tinha recebido uma bolsa cinza com grande quantidade de drogas e a escondido em um bar ou em um lote que fica ao lado do estabelecimento.

Os militares foram até o local, não encontraram a bolsa no bar. Eles então questionaram a proprietária sobre o lote e foram até lá com ela. A bolsa cinza com quatro barras de maconha foi encontrada em meio ao lixo e ao entulho. Ao ser questionada, a dona do bar disse apenas que a droga era do ‘pessoal da Marrocos’, que é uma boca de fumo na região.

Ainda conforme o BO, os militares viram Michael, apontado pelo denunciante como dono da droga, e iniciaram a abordagem.

“Informado que ele era o dono do material, o autor, de forma extremamente alterada, começou a gritar os seguintes dizeres: ‘Vocês não vão me levar, ninguém vai ser preso aqui não: vocês são vermes! Vão procurar outro para forjar’”, descreve trecho do BO.

O suspeito ainda teria tentado fugir. Por isso, conforme o registro policial, foi dada voz de prisão, mas Michael resistiu e teria agredido os militares com chutes.

Os militares usaram armas de choque várias vezes, mas Michael continuou resistindo, mesmo após ser colocado dentro da viatura, impedindo com os pés que a porta fosse fechada. Além disso, o BO informa que Michael inflamava os moradores contra os policiais.

“O sargento então, certo de que a cada segundo que passava aumentava o risco a sua integridade física e de sua equipe, uma vez que Michael exercia papel de liderança no local, determinou que um dos soldados pegasse a espingarda calibre 12”, descreve o BO, que continua. “O soldado pegou o armamento e realizou um único disparo consciente e direcionado à perna de Michael na tentativa de quebrar a resistência do autor”.

O registro policial destaca ainda que Michael foi socorrido com vida e morreu 40 minutos após o início do atendimento.

O que diz a PM

Em nota enviada à Itatiaia, a Polícia Militar informou, por meio do 49º Batalhão, “que diante da resistência ativa imposta pelo preso, de acordo com o Reds registrado, foi necessário o uso de força para contê-lo. A Corregedoria acompanhou o registro da ocorrência e que os fatos, bem como suas circunstâncias, serão devidamente apurados, em conformidade com a Lei”.


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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.