Já nas primeiras páginas da Bíblia, há uma descrição sobre a natureza humana. Nascido do barro, o ser humano é feito à “imagem e semelhança” de Deus (Gn 1,27).
Por imagem, entenda-se que é chamado a representar o divino. Por semelhança, que ele age por analogia, ou seja, deve ser guardião e cuidador do que a bondade de
Há duas dimensões em nós nas quais esse “imagem e semelhança divinas” mais se expressa: em nossa inteligência e em nossa vontade. Não obstante, o fato de sermos matéria orgânica nos “irmane” com outros seres vivos, nossa consciência nos destaca em relação a todos esses.
O “eu” que nos habita parte em direção às “coisas”. Percebemos, interpretamos, abstraímos. Nosso
Com relação à vontade, o outro dom divino que nos é concedido, sabemos que o coração humano vive de procura. Andamos sempre insatisfeitos, à procura do “bom”, “do bem”, “do que faz bem”.
Crise na inteligência
Nos tempos que são os nossos, enfatiza-se muito a crise na
Essa é a consequência de uma sociedade com excesso de estímulo, com informações rasas, com ausência de repertório. Estamos, todavia nos esquecendo de outro grande mal: a debilidade da “vontade”.
Vontade e desejo
A vontade é mais do que o desejo. O
Se o “querer” é uma” bruta flor” (Caetano Veloso), a vontade, em sentido diverso, é o movimento da alma em direção a um bem percebido pela “inteligência”. Por conseguinte, se estamos (seja-me permitido o excesso de coloquialidade) mais burros, estamos também mais débeis em nossa vontade.
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Numa cultura sem direcionamento, em que a noção do que é um “bem”, para além do que é “bom”, desidratou, sofremos do mal da “
Claro, parafraseando Shakespeare, há mais coisas entre nós e a nossa vontade do que pode saber a nossa vã filosofia. Vale sempre reafirmar que o que a gente pensa que quer nunca será exatamente o que a gente realmente almeja.
Ah, e ajuda muito saber também que aquilo que a gente deseja pode não ser exatamente uma “vontade”, mas só carência mesmo. Em nós, reside uma criança que diz: “tudo o que eu quero, não o quero quando alcanço. Nunca quis o que realmente quisesse”. A vontade fraca é, pois, essa criança que quer o que não alcança e quando alcança quer não ter mais.
E como se
Em segundo, é preciso treinar-se para apreciar o que é realmente “bom” e direcionar as nossas ações para o que é o “bem”. Confundir esses dois conceitos adoece a vontade.
Em terceiro, meditação e