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Empresa de ônibus é condenada a pagar R$10 mil a motorista vítima de constantes assaltos na Grande BH

Uma pesquisa do sindicato dos rodoviários de Belo Horizonte e região, feita em 2017, concluiu que quase 70% dos motoristas da capital já foram assaltados e quase 40% já foram agredidos fisicamente

O perigo constante e o estresse da profissão são motivos para o afastamento dos motoristas de ônibus

Um motorista de ônibus de Betim, na Grande BH, vai receber uma indenização de R$ 10 mil da empresa em que ele trabalha, que foi condenada pela Justiça do Trabalho, por ele ser vítima constante de assaltos. A juíza do caso argumentou que a empresa tem responsabilidade sobre a situação, e não fez nada para diminuir o risco da função. A falta de segurança é um dos principais problemas que os motoristas de ônibus enfrentam na profissão.

Uma pesquisa do sindicato dos rodoviários de Belo Horizonte e região, feita em 2017, concluiu que quase 70% dos motoristas da capital já foram assaltados e quase 40% já foram agredidos fisicamente, com cusparadas, pedradas e armas letais.

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O presidente do sindicato que representa a categoria, Paulo César da Silva, afirma que falta segurança pública voltada para as linhas do transporte público. “Isso não ocorre só na região metropolitana e, sim, no perímetro urbano. Tivemos, recentemente, um trabalhador do perímetro urbano que sofreu assalto, ameaça e até agressão física. Diariamente, recebemos até cinco motoristas que procuram por algum tipo de consulta psicológico ou até mesmo afastamento”, disse.

“Eu sempre venho cobrando das autoridades a volta das inspeções nos ônibus. Antigamente, a Polícia Militar (PM) fazia. Hoje, temos a Guarda Municipal que poderia estar fazendo essas ações”, completou. Ele chama a atenção para as ocorrências na região da Pedreira Prado Lopes, na região Nordeste da capital e nos trajetos metropolitanos. “Esses motoristas fazem percursos maiores por rodovias e ficam mais vulneráveis”, acrescentou.

O perigo constante e o estresse da profissão são motivos para o afastamento dos motoristas de ônibus. Um levantamento financiado pelo Ministério Público do Trabalho de Minas e feito pelo Cefet MG, entre 2012 e 2019, mostrou que 56% dos motoristas de coletivo em BH foram afastados por estresse, e outros 32% por transtorno de ansiedade.

“O maior adoecimento está relacionado ao estresse agudo e transtornos ansiosos, depressivos e também ao uso de psicoativos, álcool e outras drogas”, disse a psicóloga do sindicato que representa a categoria, Suzan Soares. “Eles saem dessas situações de violência muito abalados. No primeiro mês, muitos apresentam sintomas de ansiedade e até perda de memória, por exemplo. Alguns ainda sofrem síndrome do pânico”, finalizou.


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Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.