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Biomédica indiciada por morte de paciente em MG é solta pela segunda vez; entenda

Justiça revogou a prisão de Lorena Marcondes de Faria, de Divinópolis, mas exigiu que a profissional continue afastada das redes sociais; publicações na internet renderam multa de R$ 40 mil

Lorena Marcondes teve a prisão preventiva revogada

A biomédica Lorena Marcondes, profissional de Divinópolis (MG) indiciada pela Polícia Civil por homicídio doloso qualificado por conta da morte da paciente Íris Martins, de 46 anos, teve sua prisão preventiva revogada pela Justiça. Lorena havia sido presa pela segunda vez no dia 22 de março de 2024 em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (relembre o caso no fim da matéria).

A decisão foi assinada na terça-feira (30) pelo juiz Ivan Pacheco de Castro e atende um pedido da defesa de Lorena. Nos autos, o magistrado relembrou que a biomédica havia sido presa em março por descumprir medidas cautelares e argumenta que os mais de 30 dias na prisão são ‘suficientes para demonstrar que o Poder Judiciário está atento ao cumprimento/descumprimento de suas ordens e exige o respeito às suas decisões’. A afirmação faz referência às publicações de Lorena nas redes sociais, em que a biomédica já divulgou suas cirurgias, produtos estéticos, comentou detalhes das acusações e até mesmo sugeriu seu retorno aos atendimentos.

Enfim, depois de mais de um mês afastada do convívio familiar e social por desrespeito a uma obrigação fixada por este juízo, tenho que a acusada se encontra preparada para acompanhar a tramitação do feito em liberdade, sem interferir – ou tentar novamente fazê-lo - em sua regular tramitação, através de redes sociais, fazendo menção às partes e/ou testemunhas da ação penal’, argumenta o juiz na decisão.

O magistrado alega, entretanto, que Lorena pode voltar a ser presa caso descumpra as medidas cautelares já impostas, como a realização de posts nas redes sociais. Lorena está desde 22 de março de 2024 no Presídio de Floramar, em Divinópolis, e deve ser solta nas próximas horas, após a expedição do alvará de soltura.

Essa é a segunda prisão de Lorena revogada pela Justiça. No dia 23 de maio de 2023, 15 dias após a morte de sua paciente, Lorena foi beneficiada com a prisão domiciliar. Em agosto, menos de três meses depois, sua prisão domiciliar foi revogada pela Justiça.

Em nota, o advogado de Lorena, Tiago Lenoir, confirmou a revogação da prisão preventiva da biomédica e demonstrou confiança na inocência de sua cliente: ‘vamos provar tecnicamente e em juízo que Lorena não praticou nenhum crime que esta sendo acusada’.

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Relembre o caso

Irís Dorotéia do Nascimento Martins, de 46 anos, morreu no dia 8 de maio durante um procedimento estético em uma clínica de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. A responsável pela operação foi a biomédica Lorena Marcondes de Faria. Íris teria pago R$ 12 mil para realizar a lipoescultura. A vítima sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e precisou ser levada para o Hospital São João de Deus, onde morreu horas depois.

Segundo a Polícia Civil, essa cirurgia só pode ser feita com a presença de um médico e de um anestesiologista. A clínica não possuía equipamentos básicos, como monitor cardíaco, e o laser que seria usado no procedimento não tinha chegado no local no momento em que a cirurgia começou.

A profissional e a enfermeira que a auxiliava nas cirurgias foram presas preventivamente após o caso, mas foram beneficiadas com um habeas corpus e progrediram para a prisão domiciliar. Mesmo em prisão domiciliar, a biomédica continuava oferecendo lipoaspiração em suas redes sociais, mesma cirurgia que causou a morte de Íris Martins. Cerca de 15 dias após a reportagem da Itatiaia, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu a licença da biomédica. Lorena também é citada em três processos na Justiça por erro médico. Um deles envolve um modelo que teria ficado com a boca deformada após passar um procedimento estético com a mesma profissional em Divinópolis (MG).

Lorena voltou a ser presa no fim de março de 2024 em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Dois dias depois, a Polícia Civil confirmou o indiciamento da profissional por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual. Ela segue detida no Presídio de Floramar.


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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.