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Biomédica mineira investigada por erros médicos é liberada de prisão domiciliar; entenda

Justiça reconhece ‘demora’ na investigação da Polícia Civil em decisão favorável à Lorena Marcondes de Faria; biomédica segue com licença suspensa

Lorena é investigada pela morte de Íris Martins, em Divinópolis

A Justiça decidiu liberar da prisão domiciliar a biomédica Lorena Marcondes de Faria. A profissional, que é investigada pela morte de Irís Dorotéia do Nascimento Martins durante uma lipoaspiração em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, estava em prisão domiciliar desde o dia 23 de maio.

No pedido, o advogado Tiago Lenoir alega que Lorena foi presa no dia 8 de maio (levando em conta o período na prisão e em casa), data da morte de Íris. Desde então, o caso é investigado pela Polícia Civil: “72 dias e sequer iniciou-se a instrução criminal, configurando excesso de prazo na formação da culpa e da finalização do inquérito policial”, argumenta o advogado.

O defensor também cita que a prisão domiciliar obriga Lorena a permanecer em casa em tempo integral, impedindo a biomédica de exercer as “necessidades mais elementares” de uma mãe, como ir ao supermercado, farmácia e levar os filhos à escola.

O Ministério Público foi contra o pedido, alegando que o caso é complexo. Mas, na decisão proferida nesta terça (15), o juiz Ivan Pacheco de Castro concordou com a ação e identificou “excesso de prazo” na investigação. O magistrado alega que, apesar das dificuldades enfrentadas pela Polícia Civil, “o cidadão não pode sofrer as consequências da omissão estatal”.

O juiz também alegou que não é possível reconhecer a “gravidade hipotética” da investigada sem a comprovação do crime de homicídio e que, caso a biomédica seja inocentada, ela terá sido alvo de “indevida ação estatal e prejuízo irreparável”.

Apesar do relaxamento da prisão domiciliar, Lorena segue com sua licença de biomédica suspensa, contas nas redes sociais bloqueadas e também impedida de fazer contato com testemunhas. O advogado Tiago Lenoir comemorou a decisão e afirmou que os próximos objetivos são derrubar as outras restrições e comprovar a inocência de Lorena.

A Itatiaia entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda retorno.

Relembre o caso

Irís Dorotéia do Nascimento Martins, de 46 anos, morreu no dia 8 de maio durante um procedimento estético em uma clínica de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. A responsável pela operação foi a biomédica Lorena Marcondes de Faria. Íris teria pago R$ 12 mil para realizar a lipoescultura. A vítima sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e precisou ser levada para o Hospital São João de Deus, onde morreu horas depois.

Segundo a Polícia Civil, essa cirurgia só pode ser feita com a presença de um médico e de um anestesiologista. A clínica não possuía equipamentos básicos, como monitor cardíaco, e o laser que seria usado no procedimento não tinha chegado no local no momento em que a cirurgia começou.

A profissional e a enfermeira que a auxiliava nas cirurgias foram presas preventivamente após o caso, mas foram beneficiadas com um habeas corpus e transferidas para a prisão domiciliar.

No dia 16 de junho, a Itatiaia revelou que Lorena seguia oferecendo uma operação semelhante à enfrentada por Íris Martins e que não pode ser realizada por biomédicos. Menos de 15 dias depois, a Justiça suspendeu a licença da biomédica, determinou o bloqueio de suas redes sociais e também o bloqueio de bens depositados nas contas bancárias da profissional, até o limite de R$ 100 mil.

Lorena também é citada em outras ações na Justiça por erro médico. Um deles envolve um modelo que teria ficado com a boca deformada após passar um procedimento estético com a mesma profissional em Divinópolis (MG).

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.