Fechado há quase 15 anos, o antigo prédio da Faculdade da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que fica no Centro de Belo Horizonte, segue sendo uma grande incógnita. O edifício, que abrigou uma das principais escolas de engenharia do Brasil, tem sinais da degradação visíveis e, ao mesmo tempo, um futuro que não é muito evidente.
O prédio no fim da rua Espírito Santo está deteriorado, com parte da fachada se desmanchando, vidros sujos e ferrugem no gradil do estacionamento. Na portaria, algumas pessoas parecem fazer a segurança e o pátio tem até mesmo carros parados, cobertos com lonas pretas e muita poeira.
O edifício está assim desde 2009, quando a transferência das atividades do curso para o Campus Pampulha foi concluída. Com isso, quem frequenta a região convive com a insegurança e com a dúvida do que será feito com o edifício. É o caso da auxiliar de serviços gerais Cleonice Pereira Nascimento: ‘fica difícil para quem é usuário do transporte público. Tem pouco movimento na região, sempre está tendo furto e assalto’.
Após a transferência da Faculdade de Engenharia para o Campus Pampulha, o prédio foi repassado à União. Depois, o edifício foi transferido para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que ficaria responsável em reformar o edifício e transformá-lo em um Fórum da Justiça do Trabalho. Porém, o TRT informou que a transferência foi cancelada em 2019 por falta de orçamento, entre outros motivos. Com isso, o Tribunal pretende devolver o prédio para a União, o que ainda não ocorreu.
Em dezembro de 2023, a Prefeitura de BH pediu ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para que o edifício fosse destinado a abrigar moradias populares. Porém, o Ministério respondeu que o prédio ainda está sob gestão da UFMG e o pedido só poderá ser analisado após a devolução.
Para Flávio Carsalade, professor da Escola de Arquitetura da UFMG e membro do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural da PBH, é necessário pensar em um projeto que converse e valorize a região. Segundo o especialista, a Escola de Arquitetura chegou a fazer ensaios sobre os possíveis usos do edifício.
‘Inclusive fizemos uma oficina com especialistas em urbanismo ingleses e eles defenderam que o prédio deveria, sim, se tornar uma habitação social. Me parece uma proposta adequada e interessante a se pensar, mas eu tenho muita crítica a essa ideia de se pensar uma destinação isoladamente de um plano local. Eu imagino que aquela região de Belo Horizonte tem um potencial estratégico muito grande, inclusive com os antigos terrenos da Rede Ferroviária Federal que estão do outro lado da Avenida dos Andradas e que a gente já propôs que fosse feito um Parque Linear ligando a parte baixa com a parte alta’.
Na nota enviada à Itatiaia, apesar de informar o interesse em devolver o prédio da antiga faculdade de Engenharia da UFMG à União, o TRT não deu um prazo para concluir o processo.