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Por que pousos e decolagens são os momentos mais perigosos de um voo? Especialista explica

A queda de um avião da PF, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (6), é mais um exemplo do risco envolvido nas operações

Estatisticamente, os pousos e a decolagens são as operações de maior perigo envolvidas em um voo, de acordo com professor Kerley Oliveira, Coordenador de Cursos de Aviação na UNA, especialista em Segurança de Aviação pelo ITA (Instituto de Tecnologia e Aeronáutica).

A queda de um avião da Polícia Federal, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (6), é mais um exemplo disso.

Duas pessoas morreram no acidente e uma terceira foi resgatada com vida. A vítima foi encaminhada ao Hospital João XXIII, no bairro Santa Efigênia, em BH, por um helicóptero da PRF.

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Riscos

A maior parte dos acidentes aéreos acontecem durante a decolagem ou pouso das aeronaves devido a diferentes variáveis que podem afetar a segurança do voo.

“Estatisticamente isso já é comprovado. A decolagem e o pouso são os pontos mais críticos, principalmente o pouso, porque é o momento onde a aeronave está mais baixa”, explica o especialista Kerley Oliveira em entrevista à Itatiaia.

Segundo ele, a máxima potência utilizada pelo motor na decolagem, o tráfego aéreo, o risco de choques com pássaros ou animais da pista, são alguns dos perigos envolvidos nas operações.

“No voo de Cruzeiro (com altitude entre 9.100 e 12.400 metros), lá em cima, é muito mais tranquilo, tem muito menos variáveis envolvidas com a aeronave em si”, explicou o professor.

Tragédia

Após a queda, no início da tarde de hoje (6), o avião da PF foi rapidamente consumido pelas chamas e, com exceção da calda, ficou totalmente destruído.

Analisando o vídeo, o professor Kerley Oliveira sugere que o problema pode ter sido causado por uma falha no motor, que impossibilitou a continuidade do voo.

Na gravação, é possível ver que o avião decola e, ainda no ar, começa a soltar fumaça. O piloto tenta fazer um pouso de emergência, mas perde o controle da aeronave e cai fora da pista do Aeroporto da Pampulha.

A liberação de fumaça é um indicío do problema no motor, que impossibilita o prosseguimento do voo, segundo o especialista.

“Como é uma aeronave monomotor, que só tem um motor, o procedimento padrão é tentar voltar ao aeroporto (para fazer o pouso de emergências), como ela ainda tava muito próximo (da pista)” , disse o especialista.

Segundo ele, o avião foi rapidamente consumido pelo fogo após a queda devido ao excesso de combustível, que é uma substância inflamável.

“Como a aeronave tinha acabado de decolar, provavelmente tinha uma quantidade considerável de combustível e isso levou ao incêndio”, explica Kerley.

Outras hipóteses

O especialista em Segurança Aeronátuica também não descarta a possibilidade da queda ter sido causada por um falha no combustível ou pelo choque com uma passáro, logo após a decolagem no Aeroporto da Pampulha.

“Não dá para a gente ver isso nas imagens, mas nada impede de ter ocorrido um choque com alguma ave que danificou o motor e levou essa falha, infelizmente, catastrófica”, sugere.

Investigação

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) vai investigar as causas do acidente, com objetivo de prevenir falhas semelhantes no futuro.

Fontes ligadas à investigação confirmaram à Itatiaia que os agentes da PF Guilherme de Almeira Irber e José de Moares Neto morreram na queda.

Os policiais faziam parte do Operações Aerotáticas da Polícia Federal (CAOP) de Brasília (DF), unidade responsável por pilotar aeronaves da Polícia Federal.

De acordo com o Diário Oficial da União, o piloto José de Moraes Neto foi aos Estados Unidos, em 2021, para fazer um treinamento de Solo e de Voo em Simulador em uma aeronave do mesmo modelo.

“Com o relatório (do Cenipa), nós teremos mais informações a respeito dos fatores contribuintes que levaram a esse trágico acidente”, concluiu o professor Kerley Oliveira.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.
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