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Jovem queimada viva na BR-040: suspeito mentiu sobre dívida de vítima com o tráfico

Segundo a Polícia Civil, o dinheiro pedido pelo suspeito em nome de Layze Stephanie era para suas próprias dívidas; jovem não tinha envolvimento com organizações criminosas

Layze foi encontrada em chamas por um caminhoneiro na BR-040

O suspeito de sequestrar, torturar, queimar e matar Layze Stephanie, de 21 anos, inventou que a jovem tivesse uma dívida com o tráfico de drogas e se aproximou dela para benefícios financeiros. Isso é o que indicou a Polícia Civil de Minas Gerais em coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira (4).

Em 19 de fevereiro, Layze foi encontrada com o corpo em chamas por um caminhoneiro, às margens da BR-040 em Pedro Leopoldo, Grande BH.

Segundo a PC, ao contrário da versão do suspeito, era ele, e não Layze quem tinha dívidas com organizações criminosas. “A aproximação do autor com a vítima ocorreu em janeiro. Logo, ele começou a averiguar a relação dela com o resto da família e quais eram as propriedades. Ele achava que teria uma solução financeira para problemas de dívidas que ele tinha com organizações criminosas”, contou o delegado, Adriano Soares. “Ela não tinha envolvimento nenhum com a criminalidade, não devia ninguém e não tem nenhuma passagem”, ressaltou.

Por causa de suas próprias dívidas, segundo a polícia, o suspeito começou a dizer aos familiares da vítima que ela tinha problemas com traficantes locais e, por isso, estava sendo cobrado. “Ele passou a falar que a dívida era dela para convencer a família a fazer os pagamentos”, informou.

As investigações apontaram que o suspeito sequestrou Layze na quarta-feira de Carnaval, dia 14 de fevereiro. No dia 19, levou-a para um sítio em Pedro Leopoldo. “Lá, iniciaram-se as agressões e as ameaças. Ele a obrigava fazer telefonemas para família”, disse.

Segundo o delegado, ele chegou a pedir R$ 90 mil e, depois, R$ 30 mil. “A família não tinha condições de efetuar esses pagamentos e, por isso, ele decidiu executá-la”, explicou.

O assassinato

A polícia indicou que Layze sofreu duas perfurações. Depois, ele ateou fogo a seu corpo. “Porém, ela não estava morta e fugiu para BR-040", disse. Lá, ela foi socorrida após um caminhoneiro acionar o socorro.

Layze teve 90% do corpo queimado e morreu ao dar entrada no Hospital João XXIII. “Ela conseguiu falar com eles um pouco da dinâmica do que tinha acontecido”, disse.

Outras possíveis dívidas

Na época do crime, a Polícia Militar (PM) informou que chegou até o suspeito por meio do acesso chave PIX enviada para o pagamento feito pela família. Os policiais encontraram o homem e uma mulher em um carro nas imediações do bairro Jardim Leblon, região de Venda Nova, em BH.

“Tivemos muita dificuldade para identificar quem seria o possível autor, porque ele tem diversos registros falsos. Ele nos apresentou, no mínimo, cinco nomes”, informou. Ele tem passagens no Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul e até no Paraguai.

A polícia acredita que ele tenha vitimado outras mulheres. “Ele tem um poder muito grande sobre as mulheres com que ele se relaciona para benefício financeiro, seja comprando veículos o nome delas, abrindo empresas, indo morar na casa delas para ser sustentado. Esses relacionamentos terminaram de forma tenebrosa”, finalizou.

Layze era mãe de dois filhos, de 3 e 5 anos. Ela morava no bairro Pindorama, região Noroeste da capital.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.