“A questão não é de tempo e, sim, de que a saída não é viável para a aviação como um todo. Essa desmobilização é totalmente inviável, não é um projeto logístico para o escoamento das aeronaves, dos equipamentos, das pessoas e dos demais recursos envolvidos com operação aérea. Para onde vão essas pessoas, essas empresas, os alunos que estão em formação? Quanto irá custar esse deslocamento? Pelo tempo que foi colocado, podemos constatar que não houve estudo técnico”, disse o especialista.
Ele aponta que, se parte da população enxerga o aeroporto como um problema, a outra vê o aeroporto como um aliado na geração de renda. “Fala-se em segurança e acidentes, mas será que seria possível então conciliar as operações aeroporto do Carlos Prates com o aeroporto da Pampulha? Será que seria possível diminuir as operações ao invés de fechar? Seria possível o poder público investir em novas tecnologias em uma infraestrutura para melhorar as operações aéreas? É preciso ouvir o órgão regulador, as instituições de ensino, os especialistas, a sociedade e o governo. Na minha visão, o ofício parece ter mais peso político do que técnico”, acrescentou.
O fim das operações no aeroporto, que abriga várias escolas de aviação, ainda afeta muitos alunos. Alguns vão ter que abandonar a carreira por não terem dinheiro para se deslocar para outro aeroporto. É o caso de um aluno de aviação que faz o curso no Carlos Prates, que não será identificado.
“Tenho o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Sem esse programa de financiamento eu não conseguiria cursar. O curso de uma formação de piloto no Brasil que gere algo em torno de R$250 mil, considerando a faculdade e o bacharel em Ciências Aeronáuticas”, disse.
Ele também considera a transferência para outro aeroporto “inviável”. “Qualquer outro aeroporto já tem a sua própria demanda. O aeroporto Carlos Prates é o segundo mais movimentado de Minas Gerais, não tem como comportar a demanda”, afirmou. Ele ainda aponta que se, por exemplo, se as aulas se deslocam para Divinópolis ou para Serra do Cipó, torna-se inviável o deslocamento de carro. “São duas horas para ir, mais duas horas para voltar. Eu trabalho de segunda a sábado então é impossível”, finalizou.
Saiba o que está acontecendo no Aeroporto Carlos Prates
Na última segunda-feira, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) enviou um ofício a concessionários do Aeroporto Carlos Prates determinando o prazo de 11 dias para desativação do terminal – sendo 31 de março a data-limite para o fim das operações. Esgotado o prazo, serviços de telefonia, água e energia elétrica serão cortados e os bens não retirados da área serão considerados abandonados.
A determinação segue a portaria 10.074 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) publicada em 16 de dezembro do ano passado, e que exclui o aeroporto da lista de aeródromos públicos – a portaria entra em vigor em 1º de abril deste ano.
Assim, a data de encerramento das atividades já estava prevista, mas foi confirmada após a queda de uma aeronave de pequeno porte no bairro Jardim Montanhês, na região Noroeste da capital mineira, no último 11 de março. À ocasião, o piloto morreu, e a filha dele sofreu ferimentos graves.
De acordo com o Governo Federal, a área do aeroporto será repassada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que apresentou um
(com informações de Lara Alves)
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