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Três regionais de BH concentram mais de metade dos buracos fechados

Prefeitura fechou mais de 25 mil buracos em um mês de Operação Tapa-Buracos; especialista avalia que esforço é paliativo, entenda

Buraco em rua de Belo Horizonte

Mais de 25 mil buracos fechados e ainda tem muito pra tapar! No primeiro mês de Operação Tapa-Buracos em Belo Horizonte, entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro, foram fechados 25.329 buracos nas nove regionais da cidade.

Três regionais concentram 51% desse total:

  • Pampulha - 4.427 atendimentos

  • Oeste - 4.379 atendimentos

  • Barreiro - 4.126 atendimentos

As outras seis regionais da cidade (Leste, Centro-Sul, Norte, Nordeste, Noroeste, Venda Nova) dividem os 12.397 atendimentos restantes.

A Prefeitura de Belo Horizonte não informou quantas solicitações recebeu no total. Em nota, a assessoria de imprensa explicou que só divulga o número de serviços executados, pois o número de solicitações não representa a real necessidade de atendimentos. Pode acontecer, por exemplo, de vários cidadãos ligarem para falar de um mesmo buraco. Ou mesmo de um mesmo cidadão ligar várias vezes pra informar o mesmo buraco, nos diversos canais da Prefeitura.

Outra situação que acontece é a Prefeitura receber solicitações de trabalhos que devem ser feitos por concessionárias, como Copasa e Gasmig. Essas solicitações repetidas ou que são para outras empresas são encaminhadas para os locais corretos e, assim, dadas como resolvidas.

Custo

Na força-tarefa para cuidar dos buracos, a Prefeitura prevê investir 8 milhões de reais em 60 dias. Nesses primeiros 30 dias já foram investidos R$4.445.000,00 milhões de reais.

Ou seja: em média, a Prefeitura fechou 844 buracos por dia, com custo de R$175,49 por operação.

Ainda de acordo com o executivo municipal, nesses primeiros 30 dias a operação tapou 8.627 buracos a mais que em dezembro.

Paliativo

A quantidade de buracos fechados é uma boa notícia pro cidadão, porém evidencia um problema de manutenção. Flávio Padula, doutor em Engenharia de Transportes e professor do Departamento de Engenharia Civil do CEFET-MG explica que todo pavimento tem vida útil e que o aparecimento de buracos é evidência de que a manutenção não foi feita da forma adequada.

“O pavimento dura de 15 a 20 anos, dependendo da quantidade de tráfego que passa por ele”, explica o professor. Quando aparecem trincas, por exemplo, elas devem ser seladas. Se isso não ocorre, a água pode se infiltrar no pavimento e causar buracos. “O buraco é um defeito indesejável. O pavimento construído para durar 15 anos, por exemplo e que teve as manutenções adequadas raramente tem buracos”, completa.

Quando acaba a vida útil, deve ser feito o recapeamento. O professor comenta que “se não deu manutenção, se não reconstruiu, aparecem buracos. Aí a operação tapa-buracos é um paliativo”. Além de ter custo alto, a falta de manutenção também implica em gasto maior para reconstruir o pavimento.

A Itatiaia procurou a Prefeitura de Belo Horizonte, que afirma que “o surgimento de buracos no pavimento não necessariamente indica a manutenção incorreta do mesmo, pois pode estar atribuído a diversas causas, a saber: drenagem pluvial, fragilidade estrutural e/ou funcional, problemas em dispositivos componentes da via, etc.”. O executivo municipal, porém, confirma que se o problema não for corrigido a tempo, diminuir a vida útil do pavimento.

A Prefeitura informou, também, que a estratégia de manutenção do pavimento na cidade se dá de acordo com o estado de ruína dele e que o adequado diagnóstico é de suma importância para a seleção da estratégia de manutenção.

Coordenadora de jornalismo digital na Itatiaia. Jornalista formada pela UFMG, com mestrado profissional em comunicação digital e estratégias de comunicação na Sorbonne, em Paris. Anteriormente foi Chefe de Reportagem na Globo em Minas e produtora dos jornais exibidos em rede nacional.