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Xeque-Mate, Jambruna, Catuçaí e Gingibre; conheça as rainhas do Carnaval de BH

Rum com mate, cachaça de jambu, gin com gengibre ou catuaba com açaí, qual é a sua rainha?

Montagem com Jambruba, Gingibre, Xeque-Mate e Catuçaí do Nandão

Calor e carnaval combinam com…uma boa bebida gelada! Tal qual o baralho, o carnaval de Belo Horizonte tem quatro rainhas: Xeque-Mate, Jambruna, Catuçaí do Nandão e Gingibre. Nascidas e criadas na capital, são donas do coração dos carnavalescos. Entre elas, não tem competição. A Itatiaia apresenta um perfil das rainhas Carnaval de BH.

Xeque-Mate

Quando chega alguém de fora em BH, qual é a primeira bebida que te vem à cabeça para apresentar à visita? Xeque-Mate, acertei? Essa mistura com sabor marcante e refrescante se tornou drink imperdível nos rolês da capital mineira.

Alex Freire, de 30 anos, sócio e diretor executivo do Grupo Xeque-Mate Bebidas, conta que a receita de sucesso surgiu por algum acaso. “Meu sócio, Gabriel Rochael, e eu tínhamos pequenos negócios na área de eventos, cultura e entretenimento. Gabriel também já foi barman em Londres e, ao voltar ao Brasil, em meados de 2015, um cliente pediu para ele criar um drink à base de mate, sua bebida favorita”, contou.

“Assim, ele juntou um rum industrializado e um mate com guaraná que sua mãe, a Denise, sempre deixava pronto na geladeira. Ele adicionou um toque de limão e criou a nova bebida que se tornaria uma paixão dos belorizontinos”, continuou.

Em Minas Gerais, o volume de produção é em torno de 200 mil litros mensais. Para o carnaval, a previsão quase dobra: 350 mil litros.

“Hoje, todos os nossos produtos são feitos com os melhores insumos do mercado e fabricamos nosso próprio rum. Os ingredientes principais sempre serão mate, rum, guaraná e limão”, contou.

A fábrica fica no bairro Serrano, na Região da Pampulha. Hoje, eles produzem o rum Mascate, processam o Xeque Mate, envasam e mandam os drinks prontos em lata para distribuição direto da fábrica.

A bebida é enviada para Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Espírito Santo e Goiás em mais de 600 pontos de venda.

“Quem ainda não provou Xeque Mate vai se surpreender com a versatilidade do rum, que tem sabor mais neutro, por exemplo, do que o gin, mas sem perder sua presença no paladar, como a vodca. O drink é refrescante e fica ainda melhor num copo cheio de gelo e limão, que é a cara do Brasil”, finalizou Alex.

Jambruna

“O jambu treme, treme, treme; O tremor vai descendo; Vem subindo, vem subindo; Chega até o céu da boca; A boca fica muito louca”. É assim que a cantora e compositora paraense Dona Onete descreve a sensação de tomar uma dose de cachaça de jambu. O jambu é uma planta típica do Norte do Brasil. E como surgiu o casamento com a cachaça mineira? Obra da Bruna Brandão, comunicadora e fotógrafa, que foi buscar lá no Norte do Brasil essa combinação.

Da pesquisa do tecnobrega surgiu Jambruna: o intercâmbio cultural de cachaça mineira e jambu. Foi em Belém do Pará que ela experimentou sentir a língua “formigar” com uma dose. “Sempre tomava, mas sentia falta do gostinho da cachaça mineira”, contou Bruna.

Com o tempo, ela passou a trazer a erva para Belo Horizonte, misturar com a cachaçada de casa, e oferecer para os amigos. “A combinação ficou, simplesmente, perfeita”. Em 2018, Bruna engarrafou a bebida e vendeu pela primeira vez no bloco Sagrada Profana.

De lá pra cá, é fácil encontrar quem esteja com a bebida dependurada por uma cordinha colorida no pescoço, a marca da Jambruna. Mas, até chegar ao folião, a bebida - que une cachaças envelhecidas por um ano em tonéis de amburana e jequitibá com jambu - faz uma rota longa do Norte até a capital mineira.

A fábrica parceira de Bruna fica em Itaverava, no Alto do Paraopeba. Lá, a cana se transforma em cachaça e permanece até o envelhecimento da bebida. Depois de um ano, o destilado segue para o processo de infusão - que é quando as flores de jambu são colocadas na bebida - feito por um parceiro em Bichinho, distrito de Tiradentes, no Campo das Vertentes. Depois disso, a bebida é envasada junto ao selo.

Desde novembro, ela se prepara para atender os carnavalescos. “Eu sou uma marca em crescimento ainda, acho que eu nem vou conseguir ter o estoque para toda a demanda. Meu processo de produção ainda é pequeno, acho que vai faltar”, comenta.

Para ela, o sucesso é também político. “Com a marca, eu levo um pouco do que eu acredito politicamente, chamando a atenção para o Norte do país, região invisibilizada e enaltecendo a cultura, que me impressionou tanto”, disse Bruna.

Catuçaí do Nandão

Pira, refresca e alimenta. Esse é o lema do Catuçaí do Nandão, a bebida que, como o próprio nome já diz, mistura açaí, catuaba e “um segredinho da vovó’’. O drink, um dos veteranos da folia, já é consolidado como patrimônio do Carnaval. Surgiu em 2013, criado por Fernando Trindade, de 46 anos, e o companheiro Bruno Alberto Coelho Santos, o Brunão, que faleceu em março de 2019.

“As expectativas são as mais favoráveis possíveis. O pré-carnaval é um ótimo termômetro e vem se mostrando muito promissor! Provavelmente, teremos em torno de 300% a mais de demanda em relação aos outros anos”, comemorou Fernando, que como ele mesmo se define, empreendedor do amor - quem já experimentou da bebida sabe bem porquê.

Para atender a demanda, após dois anos sem festas nas ruas por causa da Covid-19, a produção está a todo o vapor. Para isso, Nandão conta com duas casas para fabricação: no bairro Salgado Filho, na região Oeste, e no bairro Lagoinha, na região Noroeste.

E porque o Catuçaí do Nandão se consagrou como um ícone do Carnaval belo-horizontino? “A relação Catuçaí / consumidor nunca se restringiu a uma relação capitalista. Construímos, ao longo desses 10 anos, uma relação de afeto e respeito, que só se solidifica e cresce ao decorrer da trajetória. Damos graças”, respondeu Fernando.

Gingibre

Das taças para as ruas. Para quem é fã dos drinks, a Equilibrista chegou para democratizar (e facilitar) o frescor de um bom destilado - que antes só era encontrado em coquetelarias e bares por um alto preço. O carro chefe fica com a mistura Gingibre - gengibre, limão e gin - que pode ser vista nas latinhas coloridas nas mãos dos foliões.

Guilherme Drager, de 26 anos, é um dos sócios da Equilibrista, fundada em 2015. “No início, fazíamos sangria e clericot, que são drinks à base de vinho e eram vendidos em potinhos com pedaços de frutas dentro”, contou. No final de 2018, ele chegou à receita original do Gingibre, que, até 2020, era vendido apenas em barril. “No último Carnaval antes da pandemia, lançamos a venda das latas e, com ela, a identidade visual da bebida”, completou.

As bebidas são feitas de forma artesanal, com insumos naturais e frescos - o que torna esse drink ainda mais gostoso. “No caso do Gingibre, por exemplo, todas as raízes são lavadas, passam por um processo extração do gengibre in natura, o Gin artesanal é adicionado e, na sequência, a bebida é gaseificada. Antes de ir para a lata ou barril, deixamos o tanque descansando por alguns dias”, contou. Isso tudo na fábrica que fica no Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A produção voltou com tudo e a expectativa é de recorde de vendas. Só no pré-carnaval o aumento foi de 200%. “Acredito que, durante esse mês de fevereiro, podemos ter um pico de vendas 6 vezes maior em comparação ao mesmo período de 2020”, comemorou.

Guilherme conta que ainda vem novidade por aí: a Rubra. Apelidamos de Soft Biter. À base de bitter artesanal de raízes amargas, com um toque de laranja, a Rubra traz, de forma refrescante, uma curiosa dualidade entre o doce e o amargo”, disse.

A novata já pode ser encontrada, em barril, no Forno da Saudade, Juramento 202, Botequim Sapucaí, Laicos e Distrital.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.