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Cães morrem intoxicados com substância encontrada em cervejas da Backer, e tutoras suspeitam de petisco

Tutoras afirmam que animais começaram a vomitar assim que ingeriram petiscos

Dos cinco animais contaminados, dois não sobreviveram

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte de dois cachorros que teria sido causada após consumo de alimentos contaminados com etilenoglicol - mesma substância encontrada em cervejas da Backer. Os dados constam no relatório de necropsia emitido pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que sugere a presença do produto nos corpos dos animais.

A advogada Silvia Valamiel explicou à Itatiaia que os animais foram vacinados no último dia 2 de agosto, quando, ainda no estabelecimento, os tutores compraram cinco snacks para os cachorros. Na ocasião, eles estavam com os cincos cães que possuem e deram um petisco para cada um deles.

“Após o consumo do produto, todos os cães sentiram muita sede. Pouco tempo depois de consumirem os snacks, os animais, que até então estavam super ativos e saudáveis, começaram a vomitar sucessivamente e ficaram prostrados”, explicou a advogada.

Em seguida, os animais - sendo quatro spitz alemão e um pinscher - foram levados para uma clínica veterinária no bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, onde foram diagnosticados com “injúria renal aguda”. Valamiel destacou que a reação da vacina foi descartada, porque um dos animais foi imunizado com o mesmo lote há 15 dias e não apresentou nenhuma alteração. Dos cinco animais, dois morreram.

“No decorrer da pesquisa do que causou aquele quadro, a veterinária responsável suspeitou de intoxicação causada por alguma dessas substâncias: dietilenoglicol, etilenoglicol, propilenoglicol ou melanina. Ao verificar os ingredientes do petisco, constataram o uso de propilenoglicol em sua composição, o que fortaleceu a suspeita sobre o petisco”, disse.

“Tratam-se de cachorros de raças, peso e idades diferentes, o que eles têm em comum, é a ingestão do petisco”, completou Valamiel.

Relatório de necropsia

Segundo a advogada, após as mortes dos cães, os tutores decidiram submeter os animais a necropsia. “Nos dias 8 e 9, respectivamente, dois cachorros evoluíram a óbito. Os corpos foram encaminhados ao Hospital Veterinário da UFMG e, após análise, foi elaborado um laudo constatando que ‘altamente sugestivos de intoxicação por etilenoglicol’”, destacou.

A reportagem teve acesso ao laudo. Em um dos trechos, o documento explica que os animais apresentavam “lesões renais graves”. De acordo com o relatório, “os cristais visualizados nos túbulos renais são compatíveis com cristais de oxalato de cálcio”.

“Pouca quantidade de cristais de oxalato de cálcio pode ser vista em casos de obstrução tubular crônica, porém quando visualizados em grande quantidade, como neste caso, são achados altamente sugestivos da intoxicação por etilenoglicol”, acrescentou.

Investigação

A Polícia Civil destacou que já existe uma investigação em andamento e que as partes estão sendo ouvidas na delegacia. Além disso, informou que aguarda a conclusão do laudo pericial que apura as causas da morte dos animais e substâncias presentes nos petiscos.

“É importante aguardar o laudo pericial para confirmar se foi o consumo do produto que causou a morte dos cachorrinhos. Havendo outros casos, a polícia orienta procurar a Delegacia Especializada na Defesa do Consumidor, que fica à rua Martim de Carvalho, 94, no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte”, orientou a delegada Danúbia Quadros.

A advogada explicou que, ainda nesta semana, o fabricante e o comerciante devem prestar depoimento. “As tutoras têm buscado incansavelmente que medidas preventivas sejam tomadas principalmente para que ninguém passe a dor que elas estão passando, afinal, em situações como essa o dano é irreparável”, disse.

Resposta da empresa

A empresa explicou que tomou providências para esclarecimento da morte dos cães e que realiza testes no lote do produto. No entanto, afirmou que não usa e nunca utilizou etilenoglicol na fabricação dos produtos.

Além disso, a empresa informou que o local foi inspecionado por autoridades sanitárias e que foi atestado que ela atende às normas de segurança alimentar e de produção.

Mesmo assim, a companhia optou por retirar do mercado o lote do petisco para análise laboratorial. “A empresa jamais passou por situação semelhante, reforça a confiança nos processos de fabricação e reitera que preza pela qualidade de seus produtos e pelo bem-estar e satisfação de seus clientes”, concluiu.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.