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Trabalho infantil: dois terços das crianças são pretas ou pardas, aponta IBGE

De 2023 para 2024, o contingente de crianças e adolescentes do sexo masculino em situação de trabalho infantil cresceu 5,4%, de 1,033 milhão para 1,089 milhão

Parcela sujeita a funções consideradas mais perigosas cai a 560 mil

O Brasil tinha 1,65 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil em 2024. Desse total, 66% eram pretas ou pardas. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No geral, o trabalho infantil em 2024 registrou alta de 2,1% em relação a 2023. Crianças e adolescentes brancas representavam 32,8%. Em 2024, 3,6% estavam em situação de trabalho infantil. Já o percentual de pretas ou pardas era maior, 4,8%.

Os homens eram 66,0% dos trabalhadores infantis, enquanto as mulheres compunham 34,0%. De 2023 para 2024, o contingente de crianças e adolescentes do sexo masculino em situação de trabalho infantil cresceu 5,4%, de 1,033 milhão para 1,089 milhão, enquanto a população feminina nessa condição reduziu 3,9%, de 584 mil para 561 mil.

Os dados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O tema começou a ser investigado em 2016.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho infantil é aquele que é perigoso e prejudicial para a saúde e o desenvolvimento mental, físico, social ou moral das crianças e que interfere na sua escolarização. O conceito considera critérios como faixa etária, tipo de atividade desenvolvida, número de horas trabalhadas, frequência à escola, realização de trabalho infantil tido como perigoso e atividades econômicas desenvolvidas em situação de informalidade.

Veja outros dados da pesquisa:

  • O país tinha 1,650 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil em 2024;
  • São 34 mil jovens a mais nessa condição na comparação com 2023, uma variação de 2,1%. Apesar desse aumento, entre 2016 e 2024 houve queda de 21,4%;
  • O percentual de pessoas em situação de trabalho infantil chegou a 4,3% em 2024, uma oscilação de 0,1 ponto percentual em relação ao ano anterior (4,2%). Em 2022, eram 4,9%, enquanto em 2016, ano inicial da série, eram 5,2%;
  • Mais da metade das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (54,1%) realizavam afazeres domésticos e/ou tarefas de cuidados de pessoas;
  • A proporção de adolescentes de 16 e 17 anos em situação de trabalho infantil é a maior entre as faixas etárias, e aumentou de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024;
  • Entre as pessoas de 5 a 17 anos de idade em situação de trabalho infantil, 88,8% eram estudantes, frente a 97,5% da população total desse grupo etário;
  • A maior diferença na frequência escolar se observa entre adolescentes de 16 e 17 anos: 90,5% frequentavam a escola, enquanto entre aqueles em situação de trabalho infantil, a parcela de estudantes reduz para 81,8%;
  • A jornada semanal de pessoas em trabalho infantil aumenta com a idade. Ainda entre adolescentes de 16 e 17 anos, quase metade (49,2%) trabalhava pelo menos 25 horas, sendo que 30,3% trabalhavam por 40 horas ou mais;
  • A proporção de adolescentes de 16 e 17 anos na informalidade foi a menor da série histórica (69,4%). Jovens dessa faixa etária na informalidade são considerados em situação de trabalho infantil pela PNAD Contínua, independentemente do tipo de ocupação ou da quantidade de horas trabalhadas;
  • Nordeste e Sul tiveram as maiores altas na quantidade de crianças e adolescentes em trabalho infantil em relação a 2023: variação de 7,3% e 13,6%, respectivamente. Já o Norte teve a queda mais intensa, de 12,1%;
  • Entre 2016 e 2024, o Nordeste apresentou a maior redução desse indicador (27,1%), enquanto a Região Centro-Oeste foi a única a apresentar elevação do contingente de trabalhadores infantis (7,0%);
  • Pessoas pretas ou pardas eram 66,0% da população de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil em 2024, enquanto as brancas representavam 32,8%. A maior parte era do sexo masculino (66,0%);
  • O contingente de crianças e adolescentes na Lista TIP (Trabalho Infantil Perigoso), que reúne as piores formas de trabalho infantil, atingiu, em 2024, o menor patamar da série histórica (560 mil pessoas). Esse indicador apresenta trajetória de queda desde 2016;
  • Entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em domicílios que recebiam benefício do Bolsa Família, 5,2% estavam em situação de trabalho infantil, proporção um pouco acima do que para o total de pessoas nessa faixa de idade (4,3%). No entanto, ao longo da série da pesquisa, há uma redução mais acentuada do percentual de trabalho infantil entre os beneficiários do programa.

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