Comidas da geladeira jogadas no lixo, banhos gelados e muito perrengue. Mais de 33 mil pessoas ainda permanecem sem luz na Grande São Paulo cinco dias após o temporal que atingiu a cidade. Segundo a concessionária Enel, que administra o serviço de luz, somente na capital, 23 mil pessoas continuam sem luz nesta segunda-feira (15).
Esse é o caso de um morador de Moema, bairro da Zona Sul paulista, que está sem luz desde a quarta-feira (10). Ele relata que ao chegar em casa no fim da tarde encontrou o prédio completamente às escuras. Sem elevadores em funcionamento, foi obrigado a subir os 14 andares de escada. “Passei a noite esperando que a energia voltasse o mais rápido possível, mas isso não aconteceu”, conta o morador que prefere não se identificar.
O prédio não conta com gerador capaz de manter o funcionamento dos elevadores ou de serviços básicos. Desde então, os moradores seguem sem energia elétrica, já somando mais de 100 horas de interrupção.
Sem condições mínimas de permanência no imóvel, o morador precisou se mudar temporariamente para a casa da namorada, em Pinheiros, bairro onde o fornecimento de energia foi restabelecido ainda na quinta-feira. “Fui ao meu apartamento no sábado (13) apenas para pegar roupas e alguns pertences.”, relata. Alimentos que estavam congelados e na geladeira precisaram ser descartados diante da perspectiva de que o problema se estenderia.
A preocupação, no entanto, fica com os vizinhos idosos, que não têm outra opção a esperar. Segundo o morador, uma vizinha do quinto andar, também idosa, foi vista descendo as escadas carregando diversas sacolas. Segundo ela, precisaria se mudar temporariamente para a casa da irmã, que possui energia elétrica. “Ela estava tendo que subir e descer cinco andares de escada para resolver coisas básicas”, afirma o morador.
De acordo com relatos, a Enel foi acionada diversas vezes por meio de e-mails e mensagens via WhatsApp. “Mandando mensagem todo dia no WhatsApp, resposta sempre automática, antes falava que ia restabelecer na próxima hora, nunca era restabelecido. Depois eles pararam de fornecer até o tempo que ia demorar para restabelecer.”, explica.
No sábado, técnicos da Enel chegaram a comparecer ao prédio para avaliar a situação. Segundo o porteiro, a equipe informou que retornaria ainda no mesmo dia com um caminhão maior para resolver o problema. No entanto, os funcionários não voltaram, e desde então não houve novas visitas nem atualizações.
Em nota enviada à Itatiaia, a Enel informou que cerca de 0,4% dos clientes permanecem sem energia.
Confira a nota completa:
“A Enel Distribuição São Paulo informa que a operação da companhia voltou ao padrão de normalidade, com o restabelecimento do serviço para os clientes afetados pelo ciclone extratropical nos dias 10 e 11 de dezembro. No momento, técnicos da distribuidora estão em campo atuando para atender casos registrados nos dias seguintes ao evento climático e que representam cerca de 0,4% dos clientes na Região Metropolitana de São Paulo. Técnicos da distribuidora também seguem atuando em alguns casos mais complexos de reconstrução de rede, que envolvem troca de cabos, postes e outros equipamentos.”
Temporal em SP
A passagem de um ciclone extratropical provocou ventos fortes, queda de árvores e danos à rede elétrica em São Paulo e na região metropolitana na quarta-feira (10). Por causa do fenômeno, milhares de imóveis seguem sem fornecimento de energia elétrica.
O estado registrou duas mortes após o ciclone extratropical que atingiu o estado na última quarta-feira (10). De acordo com a Defesa Civil, as vítimas morreram por causa das chuvas e ventos fortes dos últimos dias.
De acordo com o último balanço da Defesa Civil, as rajadas de vento na capital paulista chegaram a 96 km/h. No dia, 1.533.247 imóveis permaneciam no escuro, ou um a cada quatro clientes da concessionária, somente em São Paulo.