Mãe de jovem morto pela polícia do Rio recebe prêmio internacional de Direitos Humanos

Ana Paula Gomes de Oliveira, 48 anos, recebeu o prêmio Martin Ennals, considerado o “Nobel dos Direitos Humanos”

Ana Paula Oliveira, de blusa branca, no Grito dos Excluídos e Excluídas no dia 7 de setembro no Rio de Janeiro

A defensora de direitos humanos Ana Paula Gomes de Oliveira, 48 anos, foi reconhecida internacionalmente esta semana ao receber o prêmio Martin Ennals, considerado o “Nobel dos Direitos Humanos”. A honraria destaca seu trabalho na denúncia da violência de Estado e na defesa de mães e familiares de vítimas da letalidade policial no Brasil.

Segundo a organização do prêmio, a escolha de Ana Paula reforça a importância de sua atuação no enfrentamento ao racismo institucional e na busca por justiça em casos de mortes provocadas por ações policiais. Moradora da favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro, ela se tornou uma das principais vozes do país após a morte de seu filho Johnatha, em 2014.

O jovem, então com 19 anos, foi baleado nas costas por um agente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) durante um conflito na comunidade onde residia. O caso segue sem desfecho e aguarda novo julgamento. A perda do filho levou Ana Paula a transformar o luto em mobilização.

A ativista é cofundadora do movimento Mães de Manguinhos, coletivo formado por mulheres negras que denuncia violações cometidas por agentes do Estado, como homicídios, prisões ilegais e casos de violência institucional. Ana Paula também integra a Rede de Assistência às Vítimas da Violência de Estado (Raave), que oferece apoio psicossocial às famílias e articula propostas de reformas legislativas.

“Sinto que uma parte de mim morreu com meu filho. Através da minha luta, encontrei uma maneira de manter meu papel materno. Se eu parar de fazer isso, eu morro”, afirma a defensora. Mesmo diante de ameaças e intimidações, Ana Paula afirma que segue atuante.

Após a operação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro no final de outubro, ela cobrou mudanças na forma como as ações são conduzidas nas favelas. “O que a gente está cobrando é que as operações policiais aconteçam dentro da legalidade, assim como acontece em outras regiões onde as pessoas têm nível econômico maior e as coisas acontecem com respeito”, disse.

“A ditadura acabou para a classe média e para os artistas. Na favela, ela nunca terminou. A prática de tortura, de desaparecimentos forçados e assassinatos continua, por meio do braço armado do Estado”, acrescentou.

* Informações com Agência Brasil

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