A megaoperação realizada no Rio de Janeiro,
“Uma organização criminosa como o Comando Vermelho trabalha com duas lógicas: operações financeiras e operações de violência. Quando é afrontada ou tem sua posição questionada, tende a revidar, e provavelmente no mesmo nível”, começou explicando o pesquisador.
Na noite dessa terça-feira (28), seis corpos foram encontrados em uma área de mata, ainda não contabilizados
Planejamento da operação ainda será avaliado
Sobre a possibilidade de erros de planejamento, Tassi destacou ser cedo para conclusões. Ele lembrou que o Ministério Público do Rio de Janeiro participou da operação desde o início e que haverá uma análise técnica sobre o grau de eficiência e eventual abuso de autoridade.
“São 64 mortes, e cada uma precisa ser analisada individualmente. As circunstâncias variam, e é preciso entender o que ocorreu em cada caso”, afirmou.“Certamente, entre as vítimas, há pessoas da comunidade que não estavam envolvidas com o crime”, acrescentou.
Divergências entre governos
Tassi também comentou a
“As comunicações existem, mas a integração entre as esferas ainda é um desafio. Esse ponto certamente será discutido nas próximas semanas”, observou.O pesquisador ressaltou que ainda é preciso avaliar o quanto a cooperação entre os governos poderia ter mudado o resultado da operação.
“Agora o processo está aberto para análise da sociedade. Certamente várias páginas serão mostradas que ainda não conhecemos”, afirmou.
Debate sobre propostas no Congresso
O advogado e pesquisador também comentou as propostas em discussão no Congresso Nacional sobre o combate ao crime organizado. Para ele, algumas medidas são positivas, mas outras extrapolam competências e transformam questões técnicas em disputas políticas.
“A PEC da Segurança Pública traz ideias interessantes, mas há pontos que invadem a autonomia dos estados. Além disso, estamos tratando como constitucionais assuntos que poderiam ser resolvidos por leis infraconstitucionais”, explicou.
Clima de tensão e medidas preventivas
Com o Rio de Janeiro em clima de apreensão, Tassi reforçou a importância de manter ações preventivas em todo o país. Segundo ele, o Comando Vermelho tem presença internacional, e possíveis retaliações não se limitam ao território fluminense.
“A operação pode ter terminado nas comunidades, mas a prevenção deve continuar. As polícias de outros estados precisam manter a cautela. O crime organizado é supranacional”, alertou. Para o professor, a normalidade deve retornar gradualmente, mas monitorar presídios e áreas vulneráveis será essencial para evitar novos episódios de violência.
“A vida vai continuar, mas é preciso vigilância. O crime se reorganiza rápido, especialmente onde há pouca estrutura de policiamento”, concluiu.