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Jovem vítima de racismo de influenciador em BH chora e diz que vídeo foi gravado sem autorização

Maria Eduarda, de 19 anos, apareceu em transmissão ao vivo feita na Savassi e virou alvo de assédio e comentários preconceituosos nas redes

Influenciador grava vídeo sem autorização em BH e jovem vira alvo de ataques racistas

Uma jovem de 19 anos foi alvo de uma onda de ataques racistas e ofensivos após aparecer, sem autorização, em um vídeo gravado por um influenciador digital em seu local de trabalho, na capital mineira. A gravação viralizou nas redes sociais, ultrapassando 2 milhões de visualizações e transformando a rotina da jovem em alvo de assédio.

Em entrevista à Itatiaia no programa Rádio Vivo, Maria Eduarda Soares Pereira, contou nesta seta-feira (24), que trabalha em uma empresa de limpeza, das 7h às 16h, e em um atendimento noturno, das 18h às 5h. O caso de assédio aconteceu em um estabelecimento da Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde ela atuava como atendente de mesas.

Segundo Maria Eduarda, o vídeo foi gravado no dia 5 de outubro, durante uma transmissão ao vivo feita pelo influenciador conhecido como Fontinelli. Na ocasião, o influenciador entregou a ela um papel com os dizeres “muito linda, parabéns” e o contato das redes sociais de um colega — como uma forma de zombar da jovem.

Depois, disse o homem diz: ''Vamos embora que a bomba vai explodir’’.

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Ela só soube da repercussão dois dias depois, quando uma amiga a alertou sobre a circulação do conteúdo. Ao verificar as redes, descobriu que a publicação havia atingido mais de 2,2 milhões de visualizações e dado origem a vários recortes com ofensas.

“Todo mundo me detonando e eu sem entender aquele ‘hater’ desnecessário. O que eu tinha feito? Eu tava só trabalhando”, contou a jovem, que relatou ter recebido comentários racistas e discriminatórios. Ela pediu que o influenciador apagasse o vídeo, mas só obteve resposta dias depois. Embora o conteúdo tenha sido removido, a exposição continuou.

“Muita gente já tinha pegado o corte e publicado de novo”, lamentou. Maria Eduarda afirmou que o episódio teve impacto emocional significativo. “Desengatilhou muitas coisas dentro de mim que eu já tinha resolvido com terapia e psiquiatra”, disse a jovem, visivelmente emocionada.

“Não consigo sozinha com meus próprios pensamentos”, acrescentou.

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A reportagem entrou em contato com o influenciador e com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), mas, até a publicação desta matéria, não havia recebido retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Aja rapidamente

O especialista em direito digital Hélio Vagner orientou sobre os procedimentos para casos de exposição de imagem sem autorização. Ele recomenda que a vítima aja rapidamente e preserve as provas para garantir a responsabilização, mesmo que o material seja apagado.

Segundo o advogado, é importante notificar tanto o autor do conteúdo quanto a plataforma onde ele foi publicado, exigindo a remoção imediata; e caso a exclusão não ocorra, ingressar com uma ação judicial e solicitar uma medida de urgência. “Cada minuto conta. A cada tempo que passa, o dano se agrava — e muitas vezes pode se tornar irreversível”, alertou o especialista.

Apresentadora e produtora da Rádio Itatiaia. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Especialista em Mídias Digitais pela PUC Minas e em Produção de Rádio e TV pela Fumec. Já escreveu para as editorias de Política e Cidade nos jornais O Tempo e Super Notícia, e tem passagem pela FM O Tempo.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.