A cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, registrou dois casos suspeitos de sarampo em duas crianças menores de quatro anos de idade. A Secretaria de Saúde do município informou, nesta sexta-feira (24), que recebeu a confirmação prévia por meio de um primeiro exame realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Um novo teste de rechecagem será realizado para validar definitivamente a situação. Se confirmados, estes serão os dois primeiros casos positivos de sarampo de 2025.
Em contato com a Itatiaia, a SES-MG informou que desde 2020 Minas não registra casos autóctones de sarampo, ou seja, com transmissão no território estadual. Em 2024, um caso da doença foi confirmado em um adolescente de 17 anos, morador de Belo Horizonte, e com histórico recente de viagem para a Inglaterra.
Secretaria de saúde reforça necessidade de prevenção
A Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia reforçou a necessidade de ações preventivas, devido à
Segundo a pasta, o município recebe alto fluxo de migração ao ser uma localidade de transição entre regiões brasileiras. Por isso, algumas medidas têm sido tomadas. São elas:
- Bloqueio vacinal direcionado aos casos suspeitos, incluindo conviventes e profissionais de saúde que atenderam aos casos;
- Intensificação na busca ativa e vacinação de aproximadamente 3,6 mil crianças menores de quatro anos que estejam com a tríplice viral em atraso.
Taxa de cobertura vacinal está abaixo da ideal no município
Conforme a secretaria, a taxa de cobertura da vacina tríplice viral em Uberlândia, que protege contra (Sarampo, Caxumba e Rubéola), é de 89,41% para a 1ª dose e 82,26% para a 2ª dose. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95% e, portanto, o Município, além das ações, convoca os pais a levarem seus filhos para vacinarem nos mais de 70 pontos de vacinações espalhados pela cidade.
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Brasil confirma 34 casos em 2025, e Ministério da Saúde emite alerta
O Ministério da Saúde (MS)
De acordo com a pediatra Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o cenário é motivado por uma cobertura vacinal heterogênea. “Você pode ter 95% (de cobertura vacinal) em um lugar, mas 10% em outro, por exemplo. Então, nesses municípios em que a cobertura é baixa, os casos vão surgindo até que você perde o controle”, explica.
O esquema básico de vacinação é composto por duas doses. A primeira é aplicada aos 12 meses de idade e a segunda, aos 15 meses. Geralmente, é utilizada a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. O imunizante está disponível gratuitamente na rede pública. Isabella destaca que a eficácia é de 98% e a vacinação é a única forma de prevenção à doença.
Cobertura nacional também está defasada
Em 2024, o Brasil apresentou cobertura vacinal da tríplice viral de 95,7% para a primeira dose e 80,3% para a segunda dose. Já os dados preliminares de 2025 indicam coberturas de 91,2% e 74,6%, respectivamente. De acordo com o MS, esses índices aumentam a vulnerabilidade para a circulação do vírus do sarampo, já que estão abaixo da meta recomendada de 95%.
Dos 34 casos registrados no Brasil, nove são importados de pessoas que retornaram do exterior já infectadas. Outros 22 estão relacionados a esses casos. Já os outros três apresentam sequenciamento genômico compatível com variantes que circulam em outros países.
Segundo Isabella, muitos países estão vivendo um surto de sarampo, como os Estados Unidos, destino frequente de brasileiros. A transmissão começa justamente quando essas pessoas viajam, contraem a doença e retornam ao Brasil. Esses são os casos chamados de importados. “O problema é quando surgem infecções em pessoas que não viajaram. Isso significa que o vírus já está circulando na comunidade”, destaca.
Prevenção ao sarampo
A SES-MG emitiu recomendações de prevenção ao sarampo, destacando que a principal forma de proteção é a vacina, oferecida gratuitamente pelo SUS.
“A vacina tríplice viral deve ser administrada conforme o calendário vacinal, com doses específicas para crianças, adolescentes e adultos”, publicou.
Além disso, é essencial manter o isolamento de casos suspeitos, adotar medidas de higiene respiratória, como cobrir a boca ao tossir e higienizar as mãos, e garantir a notificação imediata de casos à Vigilância Epidemiológica.