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Prematuros têm maior risco de atraso na fala nos primeiros 18 meses, aponta estudo

Especialistas reforçam a importância do acompanhamento pediátrico precoce

Prematuros têm maior risco de atraso na fala nos primeiros 18 meses, aponta estudo

Bebês prematuros, aqueles que nascem antes de 37 semanas de gestação, têm mais chances de apresentar atrasos no desenvolvimento da fala nos primeiros 18 meses de vida, segundo um estudo de metanálise publicada na revista Pediatrics, que reuniu dados de 34 estudos internacionais com mais de 1.800 crianças.

O levantamento aponta que prematuros tendem a ter desempenho inferior tanto na linguagem receptiva (compreensão de palavras) quanto na linguagem expressiva (produção de sons e palavras), em comparação com as crianças nascidas entre a 37ª e a 41ª semanas de gestação.

“O desenvolvimento cerebral ainda deveria estar acontecendo dentro do útero. Esses bebês enfrentam complicações médicas, intervenções e ambientes hospitalares que podem impactar diretamente a aquisição da linguagem”, explica a pediatra Romy Schimidt Brock Zacharias, coordenadora de Neonatologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 13 milhões de bebês nascem prematuros todos os anos, sendo cerca de 10% do total de nascimentos no mundo. No Brasil, entre 2012 e 2022, foram 3,53 milhões de partos prematuros, de acordo com o Ministério da Saúde.

Primeiros sinais de alerta

Os primeiros 18 meses são considerados uma janela crítica para o desenvolvimento cerebral. Especialistas recomendam que pais e cuidadores observem sinais como reação a sons, atenção à fala, resposta ao próprio nome e compreensão de ordens simples. A ausência desses comportamentos pode indicar necessidade de avaliação especializada.

Embora identificar atrasos não seja simples, recém-nascidos prematuros passam por triagens auditivas ampliadas logo após a UTI neonatal, o que permite diagnóstico mais precoce de possíveis dificuldades.

O estudo também aponta que o excesso de ruídos em UTIs neonatais pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem. Por isso, muitos hospitais já adotam medidas para reduzir o barulho, como horários de silêncio, centralização de alarmes e controle da iluminação.

Apesar dos riscos, especialistas lembram que, com acompanhamento adequado e estímulos corretos, muitas crianças prematuras conseguem alcançar o desenvolvimento esperado. “Cada criança é única. O diagnóstico precoce e a intervenção fazem toda a diferença, já que o cérebro apresenta grande capacidade de adaptação nos primeiros anos”, reforça Zacharias.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.