O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária de São Paulo realizam, nesta terça-feira (30), uma operação contra roubo de cargas e caminhões e receptação em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, e Mato Grosso.
Ao todo, 220 policiais federais e 205 policiais militares cumprem 35 mandados de prisão temporária e 49 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.
A Justiça também determinou o sequestro de bens e valores ligados à organização criminosa em um total de R$ 40 milhões, bem como a suspensão de atividades de pessoas jurídicas que comprovadamente negociaram peças de caminhões roubados ou auxiliaram na movimentação financeira da organização.
Leia também:
Caso Ruy Fontes: subsecretário de Praia Grande é alvo de operação da Polícia Civil Oruam deixa prisão após 69 dias em Bangu, mas terá que usar tornozeleira Relator da CPMI do INSS acusa presidente da Conafer de articular fraude
A investigação, conduzida pelo grupo especializado em repressão a crimes de roubo de cargas e caminhões da Delegacia de Polícia Federal em Campinas e pelo GAECO, teve início a partir de informações colhidas na Operação Cacaria, deflagrada no dia 23 de maio de 2024.
Com o aprofundamento das diligências, foi identificada uma organização criminosa armada, cujos integrantes são especializados no roubo de caminhões, assim como nos seus desmanches e comercialização de suas peças, além da lavagem de capitais.
Apurou-se a prática de pelo menos 50 crimes patrimoniais entre agosto de 2024 e junho de 2025. Os dois alvos apontados como líderes da organização criminosa, quando não participaram diretamente da execução do roubo, foram os responsáveis por recrutar integrantes que executaram as ações criminosas.
Havia manuseio de bloqueadores de sinal de celular, GPS e Wi-Fi, o que permite desengatar o cavalo da carreta sem gerar alerta em centrais de monitoramento, locação de galpões para serem utilizados como locais para desmanche e transporte de peças com notas fiscais falsas.
Entre os integrantes da organização há sócio administrador de empresa de rastreamento de veículos por satélite, o que permitia acesso privilegiado a informações sobre tecnologias como LoRa ou LoJack nos veículos.
Os roubos eram praticados por meio de todas as modalidades conhecidas: com abordagem armada a veículos em momento; falsas contratações de fretes por aplicativos; e abordagem violenta em locais de descanso de caminhoneiros. As peças, após o desmanche, eram comercializadas por receptadores situados em diversos Estados da Federação, inclusive por meio de marketplaces.
A ocultação do dinheiro obtido com as práticas criminosas ocorria por meio de contas bancárias titularizadas por parentes, terceiros (laranjas e testas-de-ferro) e pessoas jurídicas. A meta da organização era o roubo de, ao menos, dois caminhões por semana, o que, segundo estimativa deles, poderia gerar ganhos superiores a um milhão de reais por mês.
Os investigados, que em sua maioria já registram passagens por roubo, receptação, formação de quadrilha, tráfico, ameaça, falsidade e estelionato, vão responder, de acordo com suas condutas, aos crimes de exercer o comando e integrar organização criminosa armada, lavagem de capitais por intermédio de organização criminosa, roubo e receptação, cujas penas somadas ultrapassam 40 anos de prisão.