A técnica em enfermagem, de 53 anos, que foi
“Foi detectado, durante o exame de sangue dessa criança, que ela deu reagente para HIV. Diante disso tudo, estou passando por essa situação de desespero. Fui contaminada por uma agulha que já estava dentro da criança e agora vou ter que fazer acompanhamento por 29 dias, tomando o coquetel para não desenvolver o vírus da Aids”, relatou a técnica.
O Hospital Infantil João Paulo II fica no bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A servidora atacada questionou a falta de segurança no local e a ausência de acolhimento da direção do hospital. Segundo ela, agressões vindas de pacientes e seus parentes são comuns na unidade de saúde e pouco é feito para coibi-las.
“A gente não tem suporte para divulgar essas agressões. Não temos apoio no local de trabalho, não temos apoio da chefia, é muito pouco. Poucas pessoas se preocupam com a gente e nos ajudam a levar em frente essas informações. A gente fica muito desassistido. Mesmo pessoas que estão vendo o que está acontecendo, na hora de apurar os fatos, saem e nos deixam sozinhas”, desabafou.
“Precisamos de apoio, orientação e suporte. Não temos a quem recorrer, principalmente à noite. No turno da noite ficamos muito expostos”, finalizou a profissional.
Sindicato aponta falta de apoio
Carlos Martins, diretor da Asthemg (Associação dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais) e do Sindpros (Sindicato dos Trabalhadores da Rede Fhemig), também relatou à Itatiaia que as agressões aos profissionais do Hospital Infantil João Paulo II são recorrentes. Segundo ele, não há apoio dos superiores.
“Normalmente, quando acontece esse tipo de caso e é comunicado à chefia, eles falam que ‘nós estamos sujeitos a esse tipo de situação, já que lidamos com o público’. Mas o que eles esquecem é que estamos a serviço da instituição. O mínimo que esperamos da instituição é solidariedade e ações práticas quando ocorrerem os casos”, disse ele.
Segundo Martins, a profissional agredida teve que buscar apoio policial por conta própria.
“Ela teve que recorrer à polícia por conta própria, ir até a delegacia fazer o BO, e olha o constrangimento de ir até a delegacia de madrugada sozinha, depois ir até o IML e ainda procurar assistência médica porque tinha que iniciar as medicações preventivas”, contou.
Carlos ainda relatou que colegas de trabalho e o sindicato deram amparo à vítima. Segundo ele, ninguém da instituição sequer se preocupou em orientá-la ou acompanhá-la.
“O que já cobramos da Fhemig e da direção do hospital é que, se não tem como impedir que aconteça, no mínimo que tenham atitude e garantam estrutura de apoio a esses funcionários. Isso já os ajudaria muito”, afirmou.
Por fim, ressaltou a importância de haver seguranças no local para coibir agressões como essa.
Fhemig emite nota
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) emitiu nota lamentando o ocorrido e afirmou que houve orientação e acolhimento da profissional. Leia na íntegra:
“A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) lamenta profundamente o ocorrido e informa que está prestando toda a assistência à profissional, que foi acolhida e orientada na Coordenação de Saúde e Segurança do Trabalhador. A servidora foi atendida conforme protocolo institucional de exposição a material biológico potencialmente contaminado.
A direção do Complexo de Urgência, do qual o Hospital Infantil João Paulo II faz parte, está colaborando com as autoridades responsáveis para o devido esclarecimento dos fatos. A servidora fez o boletim de ocorrência e também passou por exames de corpo de delito.
A Fhemig repudia qualquer forma de violência contra seus servidores. Reforçamos nosso compromisso e respeito aos profissionais da saúde, que diariamente se dedicam ao cuidado da população mineira.”
Autora foi presa
Em nota, a Polícia Civil confirmou a prisão em flagrante da autora das agressões. Leia a íntegra:
“Acerca do fato ocorrido nesta madrugada (29/9), em um estabelecimento hospitalar de BH, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que a suspeita, de 25 anos, foi conduzida e ouvida por meio da 2ª Central Estadual de Plantão Digital, onde teve a prisão em flagrante delito ratificada pelo crime previsto no Decreto-Lei 2.848/40, art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. Após os procedimentos, ela ficou à disposição da Justiça.”