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Metanol em bebidas: polícia de SP investiga uso para higienizar garrafas ilegais

Brasil tem 11 casos confirmados de intoxicação por metanol, todos em São Paulo

Até o momento mais de 2.500 garrafas foram apreendidas no estado de São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo aponta que a intoxicação por metanol, que já tem onze casos confirmados, pode ter sido causada pelo uso da substância na higienização de garrafas de bebidas falsificadas. Essa é, até o momento, uma das linhas de investigação das autoridades.

As apurações indicam que quadrilhas especializadas na falsificação de bebidas estariam utilizando o metanol não apenas para adulterar o produto e aumentar o volume, mas também para limpar e desinfetar os recipientes reutilizados.

“Uma das linhas de investigação é de que a contaminação pode ter acontecido no momento da limpeza dos vasilhames com metanol. Até o momento mais de 2.500 garrafas foram apreendidas somente nesta semana e nove estabelecimentos foram fechados, entre eles, duas distribuidoras de bebidas”, informou a PCSP em nota.

Rastreamento da contaminação

Segundo a polícia, as garrafas originais de destilados – como vodca, gim e uísque – seriam coletadas em bares e restaurantes e vendidas a fábricas clandestinas. Nesses locais, coletores ou fabricantes usariam o metanol no processo de limpeza e desinfecção.

O problema ocorreria se o recipiente fosse mal lavado. O resíduo contaminado, ao receber a bebida falsificada, seria ingerido pelo consumidor, provocando a grave intoxicação.

A Polícia Civil chegou a essa conclusão ao refazer o caminho das bebidas consumidas pelas vítimas. Ao visitar os bares onde ocorreram os primeiros casos, os investigadores traçaram a logística reversa das garrafas, rastreando a rota das distribuidoras até chegar às fábricas clandestinas.

Até o momento, a Polícia de São Paulo não identificou os responsáveis pelo possível esquema de contaminação. As autoridades também não encontraram a origem do metanol, que é um produto importado.

Casos

Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) do Ministério da Saúde recebeu notificações de 59 casos de intoxicação por metanol, sendo 53 em São Paulo — 11 confirmados e 42 em investigação —, 5 em investigação em Pernambuco e um em Brasília, o cantor Hungria. Há ainda um óbito confirmado e sete em investigação.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde