O recente surto de
O professor do curso de Gastronomia do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e especialista em bebidas, Carlos Henrique de Faria Vasconcelos, explicou, em entrevista à Itatiaia, que é quase impossível para uma pessoa, seja pelo aspecto visual, olfativo ou pelo paladar, perceber modificações provocadas pela substituição de parte do produto por metanol. “Os aspectos sensoriais do etanol ou do metanol são muito próximos”, contou.
O que é metanol?
O metanol é uma substância química produzida por processos industriais a partir da conversão de gases. Trata-se de um composto altamente nocivo e tóxico, geralmente usado como combustível ou solvente em produtos de limpeza.
É normal conter metanol nas bebidas?
Carlos Henrique explica que a presença significativa de metanol em bebidas só ocorre por adulteração ou erro grave no processo de produção.
Quais bebidas são mais perigosas?
Para se proteger, o especialista recomenda consumir apenas produtos de procedência confiável e, sempre que possível, optar por bebidas enlatadas. “Para os amantes do destilado, hoje já temos no mercado vários produtos vendidos em lata, como as bebidas mistas prontas”, afirma Carlos Henrique.
Ele ressalta a vantagem das latas: “Os produtos enlatados são menos preocupantes porque, uma vez aberta, a lata não pode ser reaproveitada. O risco de adulteração nesse formato é menor, já que uma parte importante da cadeia de adulteração passa pelo reaproveitamento de garrafas.”
Cerveja pode?
Segundo ele, bebidas fermentadas, como cerveja e vinho, têm menor probabilidade de contaminação por metanol, devido ao baixo teor alcoólico. Já destilados, como cachaça, vodka, gin e whisky, são mais vulneráveis, porque seu processo e valor tornam a adulteração mais atrativa para criminosos.
Adulteração: por que acontece?
Segundo o professor, a adulteração responde a uma lógica criminosa: “O metanol é mais barato que outras matérias-primas, então o contraventor age na clandestinidade sabendo que existe risco de ser descoberto, mas também sabendo que, se não for, terá lucro elevado.”
Ele usa um exemplo didática para ilustrar o perigo:
Casos
Até o momento, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) não recebeu notificações sobre casos ou mortes por intoxicação por metanol na capital.
Já em São Paulo, o número de suspeitas subiu de 45 para 52, segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde nesta quinta-feira (3). As notificações incluem tanto casos quanto mortes.
*Sob supervisão de Edu Oliveira