O Brasil perdeu, em 40 anos, cerca de 111,7 milhões de hectares de área natural, equivalente a 13% de todo o território nacional e a uma área maior que a Bolívia, aponta levantamento do MapBiomas.
Os dados fazem parte da Coleção 10, lançada nesta quarta-feira (13) em Brasília. A perda de áreas naturais é impulsionada pela transformação dessas áreas para o uso de terras de pastagem e agricultura.
Segundo o estudo, a área ocupada com pastagem cresceu 62,7 milhões de hectares, um aumento de 68%, e a agricultura 44 milhões de hectares, o que representa 236%.
No mesmo intervalo, de 1985 a 2024, o percentual de municípios que têm a agropecuária como atividade que ocupa a maior parte de seu território subiu de 47% em 1985 para 59% em 2024. 62% da área mapeada está concentrada na Caatinga.
A coordenadora científica do MapBiomas e pesquisadora do IPAM, Julia Shimbo, informa que o auge dessa transformação foi entre 1995 e 2004.
“Foi quando o desmatamento atingiu os maiores picos. Mas entre 2005 e 2014, registrou-se a menor perda líquida de florestas desde 1985. Essa tendência se inverteu nessa última década, que foi marcada por degradação, impactos climáticos e avanço agrícola”, aponta.
A Amazônia perdeu 52,1 milhões de hectares de áreas naturais nos 40 anos e três em cada cinco hectares de agricultura surgiram apenas nos últimos 20 anos.
Já o Pampa foi o bioma com a maior perda proporcional de vegetação nativa nos últimos 40 anos, com 3,8 milhões de hectares. De acordo com o MapBiomas, “as perdas se intensificaram na última década (2015 a 2024), quando foram suprimidos 1,3 milhão de hectares de formações campestres”.