Quase meio milhão de trabalhadores foram afastados devido a um problema de saúde mental no Brasil em 2024, o maior número em pelo menos dez anos. Conforme dados exclusivos do Ministério da Previdência Social pelo G1, 472.328 licenças médicas concedidas representam um aumento de 68%. Veja abaixo;
- 2020 — 91.607
- 2021 — 185.708
- 2022 — 201.864
- 2023 — 283.471
- 2024 — 472.328
Entre esses, ansiedade (141.612) e depressão (113.604) lideram a lista de doenças de saúde mental que mais geraram concessão de benefícios por incapacidade temporária. Veja abaixo o ranking completo;
- Ansiedade — 141.612
- Depressão — 113.604
- Depressão recorrente — 52.627
- Transtorno bipolar — 51.314
- Vicio em drogas — 21.498
- Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação — 20.873
- Esquizofrenia — 14.778
- Alcoolismo — 11.470
- Vicio em cocaína — 6.873
A reportagem ressalta que burnout, por exemplo, não está nessa lista — apesar de o país ter registrado 4 mil afastamentos por esse motivo. Os especialistas ouvidos pelo G1 explicam que o número tem relação com a dificuldade do diagnóstico.
O maior número de licenças está nos estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No entanto, proporcionalmente, quando consideramos o número de afastamentos em relação à população, os maiores índices foram registrados no Distrito Federal, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Ainda conforme o levantamento, a maioria é mulher (64%), com idade média de 41 anos, e com quadros de ansiedade e de depressão. A sobrecarga de trabalho, a menor remuneração, a responsabilidade do cuidado familiar e a violência estão entre as principais suspeitas das causas dos diagnósticos.
Contudo, ao analisar o cenário geral, o mercado de trabalho e as consequências da pandemia estão entre os pontos apontados como responsáveis pelo aumento nos últimos 10 anos.
Diante disso, o Ministério do Trabalho anunciou a atualização da NR-1, sendo a norma com as diretrizes sobre saúde no ambiente do trabalho. Agora, o tema (metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais, falta de autonomia no trabalho e condições precárias de trabalho) passa a ser fiscalizado nas empresas e pode render multa que varia entre R$ 500 a R$ 6 mil.