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Carnes processadas elevam risco de hipertensão, aponta estudo brasileiro

Consumo de embutidos, como linguiça, salsicha, mortadela, presunto, hambúrguer, bacon e peito de peru favorecem o desenvolvimento da doença

Alimentos processados

Um estudo pioneiro realizado no Brasil revelou que o consumo moderado de carnes processadas está diretamente ligado ao aumento do risco de hipertensão arterial.

A pesquisa, publicada na revista científica Nutrition, identificou uma relação entre o desenvolvimento da doença com o consumo de embutidos, como linguiça, salsicha, mortadela, presunto, hambúrguer, bacon e até itens considerados “inofensivos”, como blanquet e peito de peru.

Os resultados mostraram que havia uma incidência significativamente maior de hipertensão entre os participantes com maior ingestão de carnes processadas. “As descobertas reforçam o papel da dieta na prevenção de doenças”, afirmou Maria del Carmen Bisi Molina, nutricionista e orientadora do estudo.

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Diante dos resultados da pesquisa, os cientistas recomendam que o consumo de carnes processadas seja ocasional, como em eventos especiais, como churrascos ou festas de aniversário. No entanto, as carnes processadas têm ganhado popularidade no Brasil, principalmente por seu preço mais acessível, o que preocupa as nutricionistas.

O levantamento foi feito com base nos dados do ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que acompanha mais de 15 mil servidores públicos e aposentados dos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Processados têm alta concentração de sódio

A principal hipótese para explicar o aumento da hipertensão é a presença de uma alta concentração de sódio presente nas carnes processadas. O consumo excessivo desse mineral pode levar à retenção de líquidos, o que eleva a pressão arterial. Além disso, essas carnes contêm gordura saturada, um nutriente que, em excesso, também pode causar danos cardiovasculares.

Além dos riscos para o coração, o consumo elevado de embutidos está relacionado ao aumento do risco de câncer, especialmente no intestino, segundo a nutricionista Giuliana Modenezi, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Como combater a hipertensão?

Para combater a hipertensão e os problemas cardíacos, Modenezi indica nutrientes-chave que auxiliam a regulação da pressão arterial, como potássio, magnésio e cálcio. Alimentos como banana, abacate, batata, castanhas, feijão, verduras e laticínios desnatados são boas fontes desses minerais.

Além disso, compostos antioxidantes presentes em frutas, verduras e legumes têm efeito protetor para as artérias, e as fibras ajudam a manter a microbiota intestinal saudável, prevenindo inflamações que afetam a saúde cardiovascular.

O Ministério da Saúde também oferece orientações sobre alimentação cardioprotetora. A cartilha do órgão divide os alimentos em grupos com base na sua recomendação de consumo. O grupo verde inclui frutas, hortaliças e laticínios desnatados, que devem ser consumidos em maior quantidade.

Alimentos como pães, massas e doces caseiros estão no grupo amarelo, que pede moderação, enquanto queijos amarelos, farinhas e ovos estão no grupo azul, que requer um consumo mais restrito. Alimentos ultraprocessados, como salgadinhos e comidas congeladas, estão no grupo vermelho, que deve ser evitado.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.