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Vítimas de avião da Voepass estavam conscientes na hora da queda? Legista explica

Todos os ocupantes morreram por politraumatismo no momento do choque da aeronave no solo; IML já identificou 42 das 62 vítimas

Aeronave ficou completamente destruída

Peritos do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo já identificaram, até a manhã desta terça-feira (13), 42 dos 62 mortos na queda do avião da Voepass em Vinhedo, no interior do estado, ocorrida na tarde da última sexta (9).

De acordo com a Polícia Técnico-Científica de São Paulo, todos eles morreram por politraumatismo no momento do choque da aeronave no solo. De acordo com o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Vladmir Alves dos Reis, as queimaduras em alguns ocorreram posteriormente aos óbitos.

À Itatiaia, o médico legista da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, Nelson Bruni, explicou que apesar dos peritos terem identificado a causa da morte, não é possível saber se as vítimas estavam cientes do que estava acontecendo segundos antes do choque.

“A gente coloca politraumatismo porque o avião caiu, foi ao solo e depois pegou fogo. Haviam pessoas vivas ainda no avião? Você pode estabelecer isso através de uma análise de fuligem na traqueia (garganta). A pessoa poderia ainda estar viva, mas se ela estava consciente ou inconsciente é difícil saber. Você não tem como estabelecer se ela estava consciente ou não. Ela pode ter caído e ainda ter sobrevivido um pouco, mas não dá para alegar que isso aconteceu. Se a análise verificar que ela tem fuligem na traqueia, significa que ela respirou. Mas as lesões podem ter sido tão graves que ela morreu em seguida”, explicou.

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Nelson está afastado da Polícia Técnico-Científica devido a um problema de saúde, por isso não atua na força-tarefa montada pelo Instituto Médico Legal (IML) para a identificar as vítimas do acidente. Contudo, ele explica como é feito o processo de identificação dos corpos.

“O processo de identificação segue um protocolo. Os médicos do IML são altamente capacitados para fazer esse tipo de trabalho. Então, eles seguem todo um protocolo conforme o estado dos corpos. Existem corpos com uma condição melhor, em que você consegue fazer a identificação através de impressão digital, outros que você não tem condição de fazer a identificação pela digital, mas tem como fazer com a arcada dentária. Agora, dependendo da carbonização do corpo, só por exame de DNA”, afirma.

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Para ajudar na identificação das vítimas do acidente da Voepass, até esta segunda (12), os DNAs de 28 famílias em São Paulo e outras 17 em Cascavel (PR) já haviam sido coletados. Segundo o médico legista, o exame fica pode ficar ponto em até 24 horas.

“O exame de DNA para a policia cientifica de São Paulo não é um problema sério. Em 24 horas é possível fazer uma análise de DNA. Agora, em casos onde há uma destruição maior do corpo, e de dificuldade de retirada do DNA, o exame pode demorar até duas semanas”, esclarece.

Queda de avião em SP

Uma aeronave da Voepass caiu, na tarde de sexta-feira (9), em um condomínio residencial em Vinhedo, no interior de São Paulo. A aeronave do modelo ATR-72 decolou de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Segundo a Prefeitura de Vinhedo, não houve sobreviventes.

A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros foram acionados por volta das 13h28. Sete equipes dos bombeiros foram mobilizadas ao local do acidente.

Em vídeos enviados à Itatiaia por moradores da região, é possível ver um corpo projetado para fora da aeronave, além de itens e pertences que estavam no interior do avião. Vídeos divulgados nas redes sociais também mostram o momento exato da queda.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.