O avião que caiu na tarde de sexta-feira (9), em Vinhedo, no interior de São Paulo, estava com vários problemas pendentes de correção, segundo um documento que detalha a inspeção da aeronave, obtido pelo jornal O Globo. O acidente deixou 58 passageiros e quatro tripulantes mortos.
Segundo o relatório, a maioria dos itens listados não comprometem a segurança do voo, como cortinas rasgadas, assentos quebrados, rasgos no carpete, e questões com o ar-condicionado. Porém, há quatro problemas que poderiam colocar o avião em risco, incluindo um defeito no painel de navegação.
No documento estava descrito que o avião tinha um problema no EHSI (Indicador Eletrônico de Situação Horizontal), um dispositivo que ajuda os pilotos a visualizar dados de navegação. No entanto, o item não é indispensável para o voo, nem mesmo obrigatório.
O EHSI resume em um único visor dados como bússola, GPS, radar, entre outros. Caso um avião não tenha o dispositivo, o piloto precisa olhar cada indicador separadamente, o que pode sobrecarrega-lo em situações adversas. Por isso, artigos técnicos dizem que a depender da rota e tipo de avião, algumas agências de segurança exigem seu uso.
O relatório de inspeção do avião também indicava outros três problemas menores, mas que também podem comprometer a operação da aeronave. Contudo, há pouca probabilidade de que eles tenham tido alguma influência sobre o acidente.
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O avião estava com uma luz de alerta estava acendendo na ignição do motor, um dos seis freios de rodas, para aterrissagem e taxiamento, estava inoperante, e o limpador de para-brisa do lado do copiloto estava quebrado. Além disso, dois assentos de passageiros estavam com problemas na fivela do cinto de segurança.
A Voepass afirma que o avião não tinha nenhum problema que o impedisse de voar em segurança. “A VOEPASS reitera que a aeronave estava aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo com todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente”, disse a companhia aérea em nota.
Investigação das causas do acidente
Ainda não se sabe o que causou a queda do avião. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está investigando as circunstâncias do acidente e deve divulgar um relatório com as causas do acidente em 30 dias.
Além do relatório preliminar, o Cenipa irá divulgar um relatório final, que engloba tudo que foi apurado e, também, recomendações do órgão para que novos acidentes não aconteçam. Para este documento, não há prazo definido.
O resgate dos 58 passageiros e 4 tripulantes, sendo 34 homens e 28 mulheres, foi finalizado no início da noite do último sábado (10), por volta de 18h30. Os corpos foram encaminhados para a unidade central do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo identificação e liberação pelas famílias.
Queda de avião em SP
Uma aeronave da Voepass caiu, na tarde desta sexta-feira (9), em um condomínio residencial em Vinhedo, no interior de São Paulo. A aeronave do modelo ATR-72 decolou de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Segundo a Prefeitura de Vinhedo, não houve sobreviventes.
A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros foram acionados por volta das 13h28. Sete equipes dos bombeiros foram mobilizadas ao local do acidente.
Em vídeos enviados à Itatiaia por moradores da região, é possível ver um corpo projetado para fora da aeronave, além de itens e pertences que estavam no interior do avião. Vídeos divulgados nas redes sociais também mostram o momento exato da queda.