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Caso Djidja Cardoso: mãe queria abrir clínica veterinária para facilitar a compra de cetamina

Operação Mandrágora apura distribuição de anestésico de maneira ilega; veja quem são os dez presos suspeitos de esquema criminoso de venda e uso de cetamina

Djidja ao lado da mãe Cleusimar e irmão Ademar; Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja; Hatus, personal da família

A mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso Rodrigues, pretendia abrir uma clínica veterinária para facilitar a compra de cetamina. Segundo as investigações da polícia, já havia sido feita inclusive uma alteração na Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) da rede de salões de beleza da família Cardoso.

Dilemar Cardoso Carlos da Silva, ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta no dia 28 de maio. Ela não resistiu a uma overdose de cetamina.

A Polícia Civil do Amazonas, por meio do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), prendeu mais cinco suspeitos envolvidos na distribuição de cetamina de maneira ilegal. Com isso, chega a 10 o número de detidos. A investigação começou 40 dias antes da morte de ‘Djidja Cardoso’. Na segunda fase, concluída na última sexta-feira (7), o ex-namorado de Djidja, o personal e mais três pessoas foram presas. As prisões ocorreram em diferentes zonas de Manaus.

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Ao todo, dez pessoas foram presas nas duas fases da ‘Operação Mandrágora’. A mãe de Djidja, Cleusimar e o irmão, Ademar Farias Cardoso foram presos na primeira fase, além de três funcionários da rede de salão de Djidja.

Veja os nomes de quem está preso:

  • Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja);
  • Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja);
  • Verônica da Costa Seixas (gerente de salões de beleza Belle Femme, que pertence à família de Djidja);
  • Claudiele Santos da Silva (maquiadora do salão);
  • Marlisson Vasconcelos Dantas (maquiador do salão);
  • Bruno Roberto Lima (ex-namorado de Djidja);
  • Hatus Silveira (personal trainer da família Cardoso);
  • José Máximo Silva de Oliveira (proprietário de uma clínica veterinária);
  • Emicley Araújo Freitas Júnior (funcionário da clínica de José);
  • Sávio Soares Pereira (funcionário da clínica de José).

O delegado Cícero Túlio, titular do 1º DIP, disse que as prisões de Bruno e Hatus se deram em razão de inconsistências em seus depoimentos e de diversas conversas em seus aparelhos celulares com Cleusimar Cardoso Rodrigues, 53 anos, mãe de Djidja.

Agora, a polícia vai avaliar todo o levantamento de elementos comprobatórios das duas fases da operação para traçar as estratégias dos próximos passos da investigação. E também tentar novos suspeitos no esquema criminoso.

‘O que dá pra adiantar é que com base no que foi produzido preliminarmente temos condições para fins de indiciar todos os envolvidos por pelo menos 13 crimes', afirma o delegado.

Todas as pessoas que foram presas até agora já foram submetidas a audiência de custódia e permanecerão à disposição da Justiça.

‘Agora nos vamos ajustar nossa agenda de trabalho para que possamos interrogar cada um, para coletar suas versões sobre a investigação’, esclarece o titular do 1º DIP.

O que é cetamina

De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a Cetamina é um anestésico que tem “efeito efetivo e rápido no combate aos sintomas da doença mental”. O remédio cria um estado de transe, proporcionando alívio de dor e sedação, além de delírios, alucinações e graves efeitos colaterais.

Ordem cronológica dos fatos

De acordo com o delegado, a ordem cronológica dos fatos é a seguinte: Ademar Farias Cardoso Neto, 29 anos, irmão de Djidja, também preso na 1ª fase da ação, teve contato com a cetamina durante uma viagem a Londres. Ao retornar para Manaus, ele conheceu um casal que lhe apresentou o medicamento na forma em pó.

“A partir de então, ele e seus familiares começaram a fazer uma espécie de experimentação para descobrir qual seria a melhor forma de utilização, visando render mais aplicações e consumo. Foi assim que chegaram à forma de aplicação subcutânea, que permite a injeção do medicamento diretamente no tecido que fica abaixo da camada superficial da pele (a derme) e acima do tecido muscular”, explicou o delegado.

Durante as diligências, foi possível identificar que Cleusimar, além de usar a droga, começou a fazer uso de um livro chamado ‘Cartas de Cristo’ e a realizar uma espécie de culto, onde faziam uma interpretação equivocada do livro. A partir de então, eles passaram a cooptar outras pessoas, principalmente funcionários do salão de beleza de Cleusimar.

“Em determinado momento, a família Cardoso enfrentou dificuldades para comprar o medicamento. Foi então que Bruno teve acesso a Hatus, pois este trabalhava com fisiculturismo. Eles viram nessa aproximação uma oportunidade de fazer uma ligação entre Hatus e as empresas veterinárias para obter a cetamina com maior facilidade. Nesse aspecto, todos acabaram se vinculando e entrando na seita religiosa, facilitando o acesso da família Cardoso às clínicas veterinárias”, esclareceu o delegado.

Morte de Djidja

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte da ex-sinhazinha foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e da respiração.

A principal hipótese da polícia é de que a morte da ex-sinhazinha tenha relação com uma overdose de cetamina. O resultado final da necrópsia e o exame toxicológico devem ficar prontos ainda neste mês.

*Sob supervisão de Enzo Menezes


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde