A Polícia Civil do Amazonas prendeu, nesta sexta-feira (7), o ex-namorado de Djidja Cardoso, Bruno Roberto, e o coach Hatus Silveira, além de dois funcionários da clínica veterinária suspeita de fornecer cetamina à família da ex-sinhazinha do Boi Garantido. As prisões fazem parte de uma nova fase da investigação que apura a morte da empresária. Segundo a polícia, ela morreu em decorrência de uma overdose da substância. As informações são da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo.
Além dos quatro, a mãe Cleusimar, o irmão Ademar e três funcionários da rede de salão de Djidja estão presos. O ex-namorado da empresária chegou a ser ouvido pela polícia como testemunha na segunda-feira (3). Já o coach prestou depoimento na terça (4).
À polícia, Hatus disse que em janeiro desse ano r
No seu depoimento, Hatus contou que foi convidado para participar da seita “Pai, Mãe, Vida”, mas que recusou o convite. Ele ainda negou que tenha apresentado a cetamina a família de Djidja e esclareceu que realizava um acompanhamento da dieta e dos treinos da ex-sinhazinha, de Ademar Cardoso, irmão dela, e de Cleusimar Cardoso, a mãe.
Já o ex-namorado da empresária contou a polícia que se afastou da família dela e da seita após ser alertado por um médico dos riscos do uso da cetamina. Quando ainda estava ligado ao grupo religioso, Bruno chegou a fazer uma tatuagem com o nome da seita. Depois de sair, ele cobriu a tatuagem com um desenho.
“Ele disse que efetivamente tinha feito a tatuagem durante um dos encontros que foi feito na casa dos investigados, onde eles firmaram compromisso de todos realizarem essa tatuagem. Vi que ele já havia remarcado a tatuagem com outra por cima”, revelou o delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso.
Bruno estava na cada de Djidja quando ela passou mal e morreu. Segundo as investigações, foi ele quem chamou a polícia e comunicou o que havia acontecido. O ex-namorado da empresária também é suspeito de abandonar o carro de Djidja em uma rua de Manaus após ela ser encontrada morta. A defesa dele alega que o veículo teve uma pane mecânica e por isso foi deixado no local
Entenda o caso
Dilemar Cardoso Carlos da Silva, Djidja, como era conhecida, morreu aos 32 anos na casa em que vivia, no bairro Cidade Nova, em Manaus. Ela era uma das principais personagens, a Sinhazinha, do Boi Bumbá Garantido na festa de Parintins.
Caso Djidja Cardoso: família de ex-sinhazinha liderava seita que promovia uso de ketamina, diz polícia | CNN Brasil
Outros familiares da ex-sinhazinha acusam as pessoas mais próximas a ela de praticar crimes na casa da vítima, inclusive que faziam ‘rituais’ com substâncias ilícitas. Cleomar Cardoso, tia de Djidja, acusou os indiciados de negar socorro à vítima e incentivar seu vício em drogas.
“A Djidja morreu por omissão de socorro por parte da mãe dela e da turma do Belle Femme de Manaus. A casa dela na cidade nova se tornou uma Cracolândia. Toda vez que tentávamos internar a Djidja, éramos impedidos pela mãe e pela quadrilha de alguns funcionários que fazem parte do esquema deles. A mãe dela sempre dizia pra nós não interferirmos na vida deles e que ela sabia o que estava fazendo, ficamos de mãos atadas. E está do mesmo jeito lá, todos se drogando na casa dela”, diz um trecho da publicação no Facebook de Cleomar.
Como funcionava a seita?
A organização batizada de
O nome da seita “Pai, Mãe, Vida”, aparece no perfil do Instagram de Cleusimar, onde vídeos e fotos sobre o salão era postado, mas também sua vida pessoal. O grupo defendia o uso da cetamina, droga que matou a ex-sinhazinha, como uma forma de alcançar a elevação espiritual. Eles acreditavam que Ademar (irmão) era Jesus Cristo, Cleusimar (mãe) era Maria, e Djidja seria Maria Madalena.
Djidja Cardoso, a mãe Cleusimar e o irmão Ademar
De acordo com a polícia, os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Nas redes sociais, Ademar se descrevia como uma espécie de “guru” que poderia ajudar as pessoas a “sair da Matrix”, e ir para o “plano superior” citado pelo grupo. O caso já era investigado há mais de 40 dias, antes mesmo da morte de Djidja.
Até o momento, a polícia já prendeu nove integrantes do grupo:
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja);
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja);
- Verônica da Costa Seixas (gerente de salões de beleza Belle Femme, que pertence à família de Djidja);
- Claudiele Santos da Silva (maquiadora do salão);
- Marlisson Vasconcelos Dantas (maquiador do salão);
- Bruno Roberto (ex-namorado de Djidja);
- Hatus Silveira (coach);
- Dois funcionários da clínica veterinária suspeita de fornecer cetamina à família de Djidja (identidades não foram divulgadas).