A Polícia Civil do Amazonas investiga a seita que envolvia a ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, a mãe dela, Cleusimar, e o irmão dela, Ademar. O caso veio à tona após
A polícia acredita que a ex-sinhazinha morreu em decorrência de uma overdose de medicamentos usados em rituais da seita, chamada de “Mãe, Pai, Vida”, criada pela família.
Em entrevista ao jornal O Globo, o delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso, contou que as vítimas da seita ficaram nuas por vários dias, eram abusadas sexualmente, mantidas em cárcere privado e obrigadas a fazer uso de alucinógenos.
“Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas”, contou o delegado.
Uma ex-companheira de Ademar teria sido uma das vítimas da seita. O grupo fazia o uso de cetamina, uma substância com efeitos alucinógenos, para “transcender para outra dimensão”.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita”, acrescentou Túlio.
‘Cheiro de podridão’
O delegado descreveu o lugar que era utilizado para manter as vítimas em cárcere privado como um local com “cheiro de podridão”. Segundo ele, foram encontradas centenas de seringas, algumas prontas para serem usadas, e doses da droga.
“Outras duas pessoas relataram essa situação do estupro, principalmente por terem sido dopadas durante o ato sexual e não se lembrarem nada sobre aquilo. Algumas delas permaneceram despidas por vários dias, sem sequer tomar banho, em uma situação de cárcere privado. Inclusive, no momento que adentramos naquela residencia, o cheiro de podridão era muito forte”, detalhou Túlio.
Como funcionava seita?
A organização batizada de
O nome da seita “Pai, Mãe, Vida”, aparece no perfil do Instagram de Cleusimar, onde vídeos e fotos sobre o salão era postado, mas também sua vida pessoal. O grupo defendia o uso da cetamina, droga que matou a ex-sinhazinha, como uma forma de alcançar a elevação espiritual.
Eles acreditavam que Ademar (irmão) era Jesus Cristo, Cleusimar (mãe) era Maria, e Djidja seria Maria Madalena.
De acordo com a polícia, os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Nas redes sociais, Ademar se descrevia como uma espécie de “guru” que poderia ajudar as pessoas a “sair da Matrix”, e ir para o “plano superior” citado pelo grupo.
O caso já era investigado antes mesmo da morte de Djidja, há mais de 40 dias.
Até o momento, a polícia já prendeu cinco integrantes do grupo:
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja);
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja);
- Verônica da Costa Seixas (gerente de salões de beleza Belle Femme, que pertence à família de Djidja);
- Claudiele Santos da Silva (maquiadora do salão);
- Marlisson Vasconcelos Dantas (maquiador do salão).