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Brigadeirão envenenado: veja como suspeita de matar empresário enganou o verdadeiro namorado

Psicóloga Júlia Pimenta e ‘Cigana Esmeralda’ bolaram plano para mulher ficar um mês longe do atual namorado

Júlia Andrade Cathermol, 29 anos, é procurada pela polícia

A investigação da Polícia Civil revela que o assassinato do empresário Luiz Marcelo Ormond, 45, com um brigadeirão envenenado, foi planejado com meses de antecedência. Uma das provas que apontam neste sentido é o fato de a psicóloga Júlia Pimenta ter dito para o verdadeiro namora que iria ficar fora por um mês, para trabalhar como babá e que receberia R$ 11 mil. A trama macabra foi revela pelo delegado Marcos Buss, responsável pelo caso, ao Fantástico.

Para enganar o namorado, Suyany Breschak, a Cigana Esmeraldas, enviou mensagem de áudio para Júlia simulando ser a patroa, chamada Natália. Além disso, a polícia descobriu que, no período em estava com Luiz, a psicóloga enviava fotos com uma criança para o namorado.

“Ela chegou para essa outra pessoa e disse: ‘olha só, vou me afastar por um mês, porque vou trabalhar na casa de uma menina que vai me contratar e me pagar R$ 11 mil por esse trabalho de babá’”, disse o delegado Marcos Buss. “Também temos áudios em que uma mulher se apresenta como sendo Natália e simula uma contratação de Júlia, exatamente nesses termos”, completou.

“Aí,Ju, eu não tô morando mais em Cabo Frio, não. Agora, eu tô morando aqui em São Pedro, entendeu? Eu pago pra vc vir, tudo direitinho. O que você puder me ajudar, cara, eu vou te agradecer muito, muito mesmo”, diz a mensagem de áudio.

Ainda conforme a polícia, o período de um mês era o tempo que as duas acharam necessário para matar Luiz e ficar com os bens dele. Júlia e Suyany estão presas.

No sofá

O corpo do empresário foi achado no sofá do apartamento em avançado estado de decomposição, no dia 20 de maio, após vizinhos sentirem cheiro ruim e acionarem o Corpo de Bombeiros. A psicóloga e Luiz Marcelo moravam juntos em um apartamento na Zona Norte do Rio de Janeiro desde abril de 2023, após se relacionarem entre 2013 e 2017.

A investigação da Polícia Civil aponta que a namorada dele colocou no brigadeiro cerca de 60 comprimidos diluídos do medicamento Dimorf, que tem morfina como base, além de comprimidos de clonazepan, um calmante. Um equipamento, que começou a funcionar aqui há oito meses, identificou as substâncias no corpo de Luiz Marcelo. Sem máquina, a polícia ressalta que investigação dificilmente caminharia com a rapidez necessária.

Ainda conforme o namorado da Cigana Esmeralda, Júlia enviou mensagem para Suyany. “Ela chegou a falar que a Julia mandou uma mensagem para ela [Suyany] assim: ‘eu vim aqui malhar e ele está lá mortinho”.

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Entenda o crime

Luiz foi dado como desaparecido no dia 17 de maio. Câmeras de segurança flagraram Júlia e Luiz Marcelo no dia da morte do empresário. As imagens, gravadas pelas câmeras de monitoramento do prédio onde o casal morava, no bairro Engenho de Dentro, na Zona Norte da capital, flagraram a vítima com o doce em mãos, dentro do elevador.

A primeira imagem é do dia 17 de maio, dia da morte do empresário. Às 17h04, o casal aparece no elevador do prédio com duas cervejas e um prato em mãos. Os dois descem até a portaria e voltam 40 minutos depois. Às 17h46, o casal aparece novamente no elevador já sem as cervejas, mas ainda com o prato. Para a polícia, existe a possibilidade do prato conter o brigadeiro envenenado. Neste mesmo dia, Luiz Marcelo come o brigadeirão e morre.

O laudo da necrópsia não determinou a causa da morte. No entanto, os peritos identificaram uma pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo. De acordo com o laudo, Luiz morreu três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Com isso, a polícia acredita que Júlia chegou a dormir na mesma casa onde estava o cadáver durante todo o fim de semana dos dias 18 e 19 de maio.

No dia 19, as câmeras do prédio filmaram Júlia dentro do elevador, vestida com uma roupa de academia. Às 10h53, ela volta para o apartamento sozinha e parece mandar um áudio ainda dentro do elevador. No dia seguinte, em 20 de maio, Júlia aparece deixando o prédio com uma mala.

Na fuga, a suspeita teria levado os pertences do empresário e o carro dele. Nesse tempo, ainda segundo a polícia, ela chegou a enviar mensagens pelo celular do empresário se passando por ele. No mesmo dia, após Júlia fugir, o corpo do empresário foi encontrado no apartamento. Vizinhos chamaram a polícia após sentirem um cheiro forte no local.

Pertences do empresário foram vendidos

Durante as investigações, a polícia descobriu que o veículo da vítima foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por uma quantia de R$ 75 mil. O homem que comprou o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pelo empresário, transferindo o bem.

Com o mesmo homem que comprou o veículo foram encontrados o telefone celular e o computador do empresário. Ele foi preso em flagrante por receptação. A partir daí, os policiais chegaram à cigana Suyane Breschak que confessou ter ajudado a dar fim aos pertences de Luiz.

Contra Suyane, foi cumprido um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado nessa quarta-feira (29). Já a Julia se entregou no dia 4 deste mês.

Suyany Breschak se apresentava como Cigana Esmeralda na internet e fazia sucesso nas redes sociais, em uma delas a mulher tinha quase 700 mil seguidores. Na descrição do seu perfil, ela dizia ser “cigana legítima de berço”. Suyany chegava a cobrar até R$ 1.000 para fazer uma “amarração do amor”. À polícia, a mulher disse que Júlia estaria devendo R$ 600 mil a ela, por isso a ajudou.


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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.