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Julieta Hernández: quem era a atriz venezuelana assassinada no Amazonas?

A artista viajava o Brasil de bicicleta, quando foi morta; Polícia afirma que Julieta foi estuprada e queimada antes de morrer

Julieta, vestida de palhaça, em uma de suas apresentações

A atriz venezuelana Julieta Hernández, de 38 anos, viajava o Brasil de bicicleta quando foi estuprada e morta. O corpo da artista foi encontrado na última sexta-feira (5), nas proximidades da pousada onde estava hospedada em Presidente Figueiredo, no Amazonas. Julieta já havia passado por nove estados brasileiros e seguia em direção ao seu país natal. As informações são do portal G1.

Segundo a amiga Guadalupe Merki, a artista já estava no Brasil há oito anos. Julieta fazia parte grupo do “Pé Vermêi”, formado por artistas e viajantes que percorrem o país de bicicleta.

Em 2019, ela decidiu voltar para a Venezuela de bicicleta. “O destino final dessa viagem era o colo da mãe, na Venezuela, e estava tão pertinho. Elas desejavam tanto esse encontro”, contou a amiga.

Artista fazia apresentações pelo caminho

Durante o caminho percorrido, Julieta realizou apresentações circenses e trabalhou como bonequeira, confeccionando miniaturas de pessoas. De acordo com Merki, a atriz era artista de rua por opção.

“Ju era uma artista independente e de rua mesmo. Ela fazia feira, ela fazia rua, ela fazia calçada, ela fazia comunidades rurais, quilombolas, centros de reabilitação, praças, bairros periféricos, hospitais e também teatro. Onde a bicicleta chegava, lá estava Ju apresentando, para um monte de gente ou para duas crianças curiosas. Ela era essa artista”, disse.

Além de bonecas e teatro, Julieta também era artista plástica e escrevia poesias. “Ju era luz, era de uma grandiosidade que não existe palavra para escrever. Ju era generosidade, Ju era amor”, lembrou a amiga.

O percurso

No seu último espetáculo, chamado “Viagem de bicicleta de uma palhaça só, sozinha?”, a artista compartilhava histórias de aventura pelas estradas do Nordeste e Norte do Brasil.

De acordo com a amiga, o percurso havia começado, em 2019, no Rio de Janeiro. A atriz passou por cidades do Maranhão e Pará, até chegar ao Amazonas. De Presidente Figueiredo, onde ela foi morta, ela seguiria para Roraima.

Entre os dias 22 e 23 de dezembro, Julieta avisou aos amigos do grupo “Pé Vermêi” que estava em Presidente Figueiredo, a caminho da Venezuela, mas desapareceu. A única informação que o grupo tinha era que a artista seguiria, em seguida, para Rorainópolis, em Roraima.

Morta e estuprada

Após 14 dias desaparecida, a artista foi localizada. A Polícia Civil do Amazonas encontrou o corpo de Julieta próximo à pousada onde ela estava hospedada em Presidente Figueiredo (AM). De acordo com os investigadores, a artista foi estuprada e teve o corpo queimado antes de ser assassinada.

A atriz foi morta por um casal que estava na mesma pousada. O suspeito Thiago Angles da Silva, 32 anos, contou em depoimento que o crime foi cometido no dia 23 de dezembro de 2023, mesmo dia depois que os amigos da vítima perderam o contato com ela.

De acordo com a Polícia, a atriz dormia em uma rede quando foi acordada por Thiago. Sob efeito de drogas e, ameaçando-a com uma faca, ele a teria obrigado a fazer sexo oral nele. Única hóspede naquela noite, Julieta foi arrastada para a cozinha e estuprada.

À polícia, a companheira de Thiago, Deliomara dos Anjos Santos, de 29 anos, disse que sentiu ciúmes daquela cena, então, decidiu jogar álcool na artista e no namorado e atear fogo. Thiago sofreu queimaduras no pescoço e na cabeça, mas ajudou a apagar o fogo no corpo de Julieta.

Em seguida, Thiago aplicou uma gravata na venezuelana, que desmaiou. A artista foi arrastada por cerca de 15 metros e enterrada por Deliomara. O cadáver estava com as mãos e pés amarrados.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.