Ouvindo...

Médico brasileiro cobra milhões por tratamento sem comprovação contra câncer nos EUA

Marc Abreu oferece procedimento em que corpo é aquecido e supostos sinais elétricos são enviados para o cérebro; não existem artigos ou estudos que apoiem o tratamento

Tratamento oferecido pelo médico brasileiro não tem comprovação científica

Um médico brasileiro radicado nos Estados Unidos é suspeito de oferecer um tratamento sem comprovação científica que supostamente curaria doenças graves, como câncer, Alzheimer e Parkinson. O currículo do profissional também traz inconsistências. O caso foi revelado pelo Fantástico.

Márcio Aurélio Martins Abreu, conhecido nos EUA como Marc Abreu, se formou no Brasil em oftalmologia e está nos Estados Unidos há mais de duas décadas. Em 2003, ele anunciou a descoberta do túnel térmico cerebral, uma espécie de pele que permitiria medir a temperatura do cérebro de forma não-invasiva. O termômetro criado pelo médico foi aprovado pela FDA, a agência de saúde dos EUA.

Em abril de 2023, o brasileiro anunciou que um paciente dele havia tido remissão completa de um câncer de próstata em estágio 4. O tratamento utilizado teria como base o termômetro cerebral. O médico coloca o paciente em um tubo de alta temperatura e supostamente enviaria sinais para o cérebro, por meio do termômetro criado por ele. Esse processo ativar células de choque térmico que, supostamente, curaria doenças graves.

A prática, porém, não é comprovada por artigos científicos nem apoiada por especialistas brasileiros, estadunidenses e portugueses que avaliaram o processo. A falta de provas concretas dos resultados e estudos clínicos também vai contra o processo do médico. Ao ser questionado, ele afirma que vai publicar um artigo em breve.

O profissional, que cita a Yale University no currículo, trabalhou por 16 anos na universidade, mas exercia um cargo de monitor e não de professor. Neste período, ele não apresentou nenhum artigo científico. O único texto publicado sobre o túnel cerebral saiu em 2020 e não é um artigo científico.

Um paciente do Rio de Janeiro que possui esclerose múltipla procurou o atendimento do brasileiro e pagou três sessões. A última delas não foi de aquecimento corporal, e sim de resfriamento. O homem afirma que o tratamento parecia improvisado, com o uso de bolsas de gelo.

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.