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Queda da inflação, redução de impostos e alta nos juros; economistas analisam resultado do PIB

Crescimento de 1,2% da economia brasileira no segundo trimestre superou expectativas do mercado

O crescimento de 1,2% do PIB brasileiro no segundo trimestre de 2022 superou as expectativas do mercado e reforçou o cenário positivo para a economia brasileira até o final do ano. Para economistas, medidas adotadas pelo governo e pelo Congresso nos últimos meses ajudaram a acelerar a recuperação dos indicadores econômicos no país.

De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB chegou a R$ 2,4 trilhões em valores correntes, resultado que representa um aumento de 2,5% no primeiro semestre do ano.

O número é considerado ainda mais animador quando se avalia também o cenário do mercado de trabalho no Brasil. Na quarta-feira (31), o IBGE informou que o desemprego no país recuou para 9,1% - é o menor índice da série desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015.

Para o economista e coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec, Márcio Antonio Salvato, o cenário é animador para o segundo semestre, com uma recuperação da economia acima do previsto.

“Os números apontam no sentido de uma recuperação forte. A taxa de desemprego teve uma queda rápida, iniciamos o ano acima de dois dígitos, passados seis meses estamos abaixo, com 9,1%. Algo que não era previsto na virada do ano. Quando estávamos no final de 2021, a previsão era que a taxa de crescimento seria próxima de zero e o desemprego continuaria alto, a não ser que houvesse um reaquecimento mais acelerado da economia. E parece que esse reaquecimento vem acontecendo e a previsão é continuar neste segundo semestre”, diz o economista.

Ele aponta que a expectativa baixa no início do ano tinha relação com o cenário eleitoral e com as crises internacionais dos últimos anos. “Eram expectativas muito pioradas no início do ano, por ser um ano eleitoral, com bastante restrições para gastos do governo, tinha uma expectativa muito ruim. Também tiveram crises internacionais que surgiram”, explica.

Executivo e Legislativo

Salvato ressalta que a aprovação rápida de algumas medidas enviadas pelo Executivo para o Congresso acelerou a retomada econômica. “Principalmente quando analisamos os dados sobre empregos, nós estamos falando de reaquecimento econômico, que foi afetado por algumas políticas e reposicionamentos do governo. Quando ele acelera o movimento de transferência de renda, vimos benefícios para motoristas de carga, taxistas, aumenta o valor do auxílio, isso joga dinheiro na economia e voltamos a ter crescimento. Com os juros elevados a inflação não rebateu para cima”, explica.

Para a economista e comentarista da rádio Itatiaia, Rita Mundim, a decisão tomada pelo Banco Central de subir os juros no ano passado foi decisiva para a retomada.

“O que está acontecendo no Brasil é resultado de uma boa gestão. Primeiro, de um Banco Central independente, que começou a subir os juros lá em março de 2021, muito antes dos países desenvolvidos. E essa elevação foi ajustando nossa inflação. Além disso, o governo sem congelar preços fez uma escolha dura, de cortar na própria carne, abrindo mão de arrecadação de impostos. O governo abriu mão dos impostos federais que incidiam daquilo que estava produzindo a inflação global: combustível e energia. Trabalhou para que o ICMS nos estados fosse reduzido para 17%, em alguns estados o valor era acima de 30%”, diz Rita.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
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