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Adulterações no carro: além do combustível, o que mais representa risco?

Algumas falsificações podem até mesmo causar acidentes com consequências fatais para o motorista e passageiros

Autopeças estão entre os itens mais falsificados do mercado

Quando se fala em adulterações no segmento automotivo, logo se pensa em combustível. E a razão é óbvia, já que muitos motoristas tiveram prejuízos abastecendo seus automóveis com gasolina ou etanol fora das especificações de forma criminosa.

A adulteração mais comum na gasolina é a adição de mais etanol além dos 30% determinados pela legislação. Como a maioria da frota circulante hoje no Brasil é de carros flex, o prejuízo é apenas um consumo maior de combustível.

Mas a fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já detectou também a presença de metanol nos combustíveis vendidos no Brasil. Neste caso, o prejuízo é maior, já que o solvente provoca alta corrosão dos componentes do motor, pois eles não têm proteção contra o metanol. Bicos injetores, filtro de combustível e bombas de alta e baixa pressão sofrem muito com a contaminação por metanol.

Óleo de motor falsificado

Além dos combustíveis, o motorista brasileiros também está correndo risco ao trocar o óleo do motor do seu carro. Em levantamento, o ICL (Instituto Combustível Legal) detectou que 1 em cada 5 óleos lubrificantes vendidos em nosso mercado são falsificados. A fraude gera um prejuízo anual de mais de R$ 1,4 bilhão em gastos com reparos veiculares, perda de garantia de fábrica e fraudes tributárias, segundo o instituto.

Rótulo e embalagens fora do padrão, podem armazenar óleo do motor falsificado

De um modo geral, a falsificação o óleo lubrificante ocorre principalmente de duas maneiras. Na adulteração, o produto legítimo é diluído com solventes, água ou outras substâncias que alteram suas características originais. Já na falsificação total, o processo é mais sofisticado. Embalagens, rótulos e design de marcas conhecidas são copiados, mas o conteúdo não tem qualquer correspondência com o original.

Em ambos os casos, o consumidor deixa de receber um lubrificante formulado com pacotes de aditivos e óleos básicos adequados, desenvolvidos para atender especificações técnicas e exigências regulatórias. O que chega ao motor, portanto, é um produto incapaz de oferecer a proteção necessária.

Autopeças falsificadas

Uma falsificação que pode provocar até morte é a de autopeças, já que muitas delas são itens diretamente ligadas a segurança, como freios e amortecedores. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira do Combate à Falsificação (ABCF), R$ 3 bilhões em arrecadação são perdidos anualmente em razão das autopeças falsificadas.

A maior parte das peças de carros falsas vêm do Paraguai ou da China. Elas são fruto utilização indevida de marcas alheias ou de contrabando (entram no país sem o recolhimento de impostos). Não oferecem garantia de procedência nem passam por testes para serem certificadas, de acordo com definição da Associação Nacional das Fabricantes de Autopeças (Anfape).

Desconfie de autopeças que estejam muito mais baratas do que a média do mercado: as falsificadas costumar ser 30% mais baratas. Sempre exija nota fiscal, também é uma boa forma de se prevenir.

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Felipe Boutros sempre foi fã de carros: cresceu lendo as revistas do gênero e fez jornalismo para atuar no setor - no qual está há 20 anos. Cobriu os principais salões do automóvel do mundo. Trabalhou nos jornais O Tempo, Hoje em Dia e, hoje, é editor-chefe no AutoPapo. Na Itatiaia, colabora com a seção Auto!