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Saúde mental no campo e prevenção ao suicídio: veja série especial da Itatiaia Agro

As 11 reportagens foram veiculadas no programa Café com Notícia, Programa Acir Antão, no Rádio Vivo e no Jornal da Itatiaia; matérias disponíveis nos links abaixo

Série fez um alerta para um problema crescente

A Rádio Itatiaia apresentou a série especial “Saúde mental no campo”, que abordou as doenças e transtornos mentais que afetam uma parcela significativa da população rural.

A série fez um alerta para um problema crescente: a saúde mental no meio rural. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, enquanto nos centros urbanos cerca de 15% das pessoas enfrentam problemas relacionados à saúde mental, no campo esse índice ultrapassa 36%, mais que o dobro.

Em relação ao suicídio, o cenário também preocupa. A OMS estima que cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo — número considerado subnotificado. Em Minas Gerais, o registro de suicídios (tentados e consumados) se aproxima do de homicídios no estado. De 1º de janeiro até 9 de setembro de 2025, segundo dados da Polícia Militar, foram contabilizados 3.084 casos de suicídio e 3.992 de homicídios.

“A gente fica naquela pressão”

A reportagem ouviu trabalhadores rurais que convivem com depressão. Um deles é Jailson de Andrade, produtor de leite em Desterro de Entre Rios, no interior mineiro.

“Bem tempo que eu tomo remédio pra depressão, que não é fácil. A gente tem que cuidar da família, tem que dar exemplo pra família e a renda do leite tá muito curta. A gente fica naquela pressão, acaba ficando deprimido”, relatou.

Fatores que agravam os transtornos

Para Rodrigo Nicolato, professor da UFMG e sócio titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, as condições de trabalho no campo contribuem para o adoecimento:

“Se o seu trabalho é temporário, não sei se vou ter renda, não ganho de maneira justa e não convivo com minha família porque tenho que trabalhar dez, doze horas por três meses para poder ficar um tempo sem trabalhar. O medo de não ter o que comer, logicamente é um agravante e pode expor à depressão, à ansiedade ou a outra situação qualquer.”

Justiça do Trabalho atenta ao problema

O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais, Marcelo Lamego Pertence, destacou que a Justiça tem avançado para reconhecer as doenças mentais relacionadas ao trabalho rural:

“Necessariamente é feito um laudo técnico por um profissional qualificado para poder analisar isso. É possível identificar o transtorno mental, se ele tem causa no trabalho ou não, através da entrevista feita por um profissional.”

Bombeiros mudam abordagem em casos de suicídio

O Corpo de Bombeiros também tem adotado novas estratégias para lidar com ocorrências relacionadas a tentativas de suicídio, como explica o tenente Henrique Barcellos:

“Hoje temos uma abordagem técnica, que por meio de fatores de segurança explora o instinto de autopreservação da vítima, retirando-a daquela situação.”

“É preciso pedir socorro”

Entre os especialistas ouvidos, há um ponto em comum: é fundamental pedir ajuda. A médica, psicanalista e suicidóloga Soraya Hissa reforça:

“Quando a gente está se sentindo adoecido, triste, sem querer contato com ninguém ou nervoso demais com algum dos sintomas relatados, antes de buscar um atendimento médico, que essa pessoa peça socorro.”

Confira os episódios:

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Fabiano Frade é jornalista na Itatiaia e integra a equipe de Agro. Na emissora cobre também as pautas de cidades, economia, comportamento, mobilidade urbana, dentre outros temas. Já passou por várias rádios, TV’s, além de agências de notícias e produtoras de conteúdo.