Ouvindo...

Projeto vai mapear e remover resíduos encontrados no fundo marinho em Ubatuba (SP)

Ação visa conservação e sustentabilidade para a proteção dos oceanos

Oceanos cobrem mais de 70% da superfície terrestre

No último domingo (8) foi o Dia Mundial dos Oceanos, uma data que destaca a importância vital dos mares e oceanos para a vida no planeta. Os oceanos cobrem mais de 70% da superfície terrestre, produzem pelo menos 50% do oxigênio do planeta e abrigam a maior parte da biodiversidade da terra. Entretanto, enfrentam ameaças significativas causadas pelas atividades humanas, como a poluição, as mudanças climáticas e as práticas pesqueiras insustentáveis.

Com o intuito de modificar essa realidade, o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vem desenvolvendo o Projeto Petrechos de Pesca. O projeto foi inaugurado em fevereiro de 2023 e é executado no Núcleo Regional de Pesquisa do Litoral Norte (NRPLN) do IP, em Ubatuba, SP, com duração prevista de três anos.

A iniciativa visa mapear, caracterizar e remover os petrechos de pesca encontrados no fundo marinho, tendo como área de estudo o polígono de interdição à pesca do Parque Estadual da Ilha Anchieta, além de ações de reciclagem destes materiais. O projeto tem também como objetivo estabelecer um conjunto de ações para promover a prevenção e a mitigação dos impactos causados por esses materiais localizados no mar.

Equipamentos como redes, linhas, anzóis e boias, frequentemente utilizados pelas atividades pesqueiras e náuticas, podem ser eventualmente perdidos no ambiente marinho e causam poluição, prejuízos econômicos e o sofrimento ou a morte de animais marinhos.

Preservação e Reciclagem

Uma das ações de maior relevância do projeto é o Ecoponto do Pescador, instalado no píer do Saco da Ribeira, composto por um ponto de entrega voluntária (uma caçamba de acesso público) e um contêiner destinado ao armazenamento de materiais que não são mais utilizados na atividade pesqueira. Ademais, encontram-se em operação outros três pontos no Cais do Frediani, no Cais do Alemão e em Perequê-Açu, sendo este último gerido pelos próprios pescadores colaboradores do projeto.

Desde a instalação dos ecopontos, cerca de 2,5 toneladas de petrechos inutilizados foram recebidas pelo projeto, sendo os materiais separados conforme o tipo de plástico de que são produzidos. No caso das redes de pesca de emalhe, feitas de poliamida, estas são recicladas e transformadas em pellets, bolinhas de plástico puro, que posteriormente serão utilizadas na fabricação de novos produtos, como bandejas e agulhas de pesca, os quais serão retornados aos pescadores para uso em suas atividades.

Leia também

A equipe do projeto também realiza saídas periódicas ao mar para avaliar, identificar e remover os petrechos encontrados. Nessas ações, são coletadas informações científicas que subsidiarão futuras estratégias para melhorar a gestão dos petrechos de pesca na região.

De acordo com Venâncio Guedes de Azevedo, pesquisador do IP e coordenador técnico executivo do projeto, tal iniciativa só é possível por meio da importante parceria com pescadores e a comunidade local. “Consideramos o petrecho de pesca como uma ferramenta utilizada pelo pescador em seu trabalho. Desta forma, a destinação correta dos petrechos de pesca inservíveis é muito importante pois colabora na redução da poluição marinha por plásticos, ajudando a conciliar as atividades econômicas com a proteção do meio ambiente, com o objetivo de promover a economia circular”, explica.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.