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Nova técnica biodegradável promete manter bananas frescas por mais tempo

Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) criaram um nanossachê biodegradável para prolongar a qualidade e vida útil das bananas

Pesquisadores da UFLA usaram bananas da cultivar “Prata”

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com outras instituições, criou uma técnica capaz de aumentar a durabilidade das bananas.

A criação é um nanossachê biodegradável inovador, capaz de liberar, gradualmente, uma substância que inibe o etileno, hormônio natural que acelera o seu amadurecimento.

Nanossachê biodegradável

A eficácia do nanossachê foi testada por meio de um sistema de embalagem ativa – uma tecnologia que, além de proteger, interage com o alimento para prolongar sua qualidade e vida útil. Os pesquisadores da UFLA usaram bananas da cultivar “Prata”. Os resultados mostraram que essas bananas mantiveram sua coloração verde, maior firmeza, menor perda de massa e menor taxa respiratória — quando a banana respira produz etileno — ao longo de nove dias de armazenamento, quando comparadas às bananas sem o sachê.

Além de ser biodegradável e sustentável e apresentar um desempenho tecnológico promissor, o material é compatível com esses sistemas de embalagem ativa, oferecendo uma alternativa viável para a conservação de frutas climatéricas, aquelas que continuam a amadurecer após a colheita.

O estudo também representa um avanço na aplicação de nanotecnologia no setor alimentício e contribui para o uso de materiais biodegradáveis e seguros para contato com alimentos, reforçando práticas sustentáveis.

Segundo a UFLA, Por se tratar de uma tecnologia emergente, a aplicação em escala comercial ainda depende de estudos complementares, como a definição da concentração ideal de 1-MCP para cada tipo de fruta e a quantificação precisa da liberação do composto no interior das embalagens. “A equipe responsável afirma estar aberta a parcerias com empresas e instituições que queiram contribuir para o avanço da pesquisa e sua futura inserção no mercado”, diz a UFLA.

Como criaram a técnica?

Os pesquisadores criaram o nanossachê a partir de um polímero biodegradável chamado Poliácido Lático (PLA), seguro para contato com alimentos. Esse material foi transformado em uma manta de nanofibras por meio de uma técnica inovadora chamada “Fiação por Sopro em Solução” (“Solution Blow Spinning”), que forma fibras ultrafinas, ideais para a liberação controlada de substâncias.

Dentro dessas fibras foi encapsulado um composto conhecido como 1-metilciclopropeno/α-ciclodextrina (1-MCP/α-CD). O 1-MCP é um gás responsável por bloquear a ação do etileno. Para manipulá-lo de forma segura e eficaz, ele foi combinado com a molécula carreadora, a α-CD, que permite que o 1-MCP seja manipulado na forma de pó e libera o ativo apenas na presença de umidade.

Reconhecidas pela capacidade de promover a liberação controlada e gradual de compostos ativos, essas mantas podem oferecer maior precisão e versatilidade no tratamento de diferentes frutas e hortaliças.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde