A Missão do Brasil junto à União Europeia e a empresa JBS emitiram comunicados nesta segunda (8) e terça-feira (9) para esclarecer o recall (recolhimento) de lotes de
Segundo as autoridades e a empresa, o incidente é pontual e que as exportações para o mercado europeu continuam normais.
O que é o estradiol?
O estradiol é um hormônio utilizado na agropecuária brasileira principalmente em programas de sincronização de cio e inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Para a reprodução, o estradiol ajuda a controlar e agendar o ciclo reprodutivo das vacas, permitindo que um grupo de animais seja inseminado em um período curto e pré-determinado (IATF). Ele é utilizado como parte dos protocolos hormonais para garantir a ovulação no momento desejado.
Além disso, em casos específicos, como ausência de cio (anestro) ou retenção de corpo lúteo, o médico-veterinário pode prescrever o uso de estradiol. No Brasil, seu uso é proibido para promoção de crescimento.
No entanto, o bloco europeu proíbe a importação de carne bovina de fêmeas que possam ter tido contato com estradiol, mesmo para fins reprodutivos, o que cria barreiras comerciais para a carne bovina brasileira.
Ação da JBS
A empresa informou que foi comunicada em outubro pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) sobre a suspensão tanto da certificadora quanto da fazenda relacionadas ao lote. A JBS imediatamente deixou de exportar produtos do fornecedor de Campo Grande (MS) para a Europa.
“O lote de animais em questão foi abatido em maio e julho com base em documentos fornecidos pela fazenda. Em outubro, auditoria realizada pelo Ministério da Agricultura (MAPA) na fazenda fornecedora detectou uma divergência de informação sobre o uso do hormônio estradiol, posteriormente informada à União Europeia pelas autoridades brasileiras”, afirmou a empresa em nota.
Sobre o volume exportado com o hormônio, a JBS informou se refere a 20 toneladas (menos que um contêiner), “volume que representa 0,025% do que o país remeteu para o mercado europeu de janeiro a novembro deste ano”.
Posição da Missão do Brasil junto à UE
A Missão do Brasil destacou que o país tem regras rigorosas contra o uso de hormônios anabólicos para crescimento em gado de abate desde 2011. O uso de estradiol é permitido apenas para o tratamento reprodutivo de fêmeas bovinas, sendo administrado em dose muito pequena e com o devido cumprimento do período de carência antes do abate.
Sobre o caso específico, as autoridades brasileiras informaram voluntariamente as contrapartes europeias sobre a identificação do estradiol, em um ato de transparência.
“As remessas afetadas foram devidamente recolhidas pelas autoridades europeias. O caso deve ser considerado uma rara exceção. O Brasil cumpre os requisitos da UE e, desde janeiro de 2025, adota um Protocolo para a Exportação de Fêmeas Bovinas (PEFB), que garante que apenas fêmeas não tratadas com estradiol sejam abatidas para exportação à UE. O Brasil também é o maior exportador mundial de carne bovina e seus produtos são reconhecidos internacionalmente por sua qualidade e altos padrões sanitários”, disse o comunicado.