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Café do Brasil: exportações caem 18%, mas faturamento sobe 11% em setembro

Alta na receita, mesmo com menos produto embarcado, indica uma valorização dos preços do café

Receita avançou 11,1%, a US$ 1,36 bilhão em setembro

As exportações de café do Brasil somaram 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, volume 18,4% menor em relação às 4,59 milhões embarcadas no mesmo mês de 2024. Em contrapartida, a receita avançou 11,1%, a US$ 1,36 bilhão. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

A alta no faturamento, mesmo com menos produto embarcado, indica uma valorização significativa do preço médio do café brasileiro no exterior.

Efeito Trump: “tarifaço” derruba embarques aos EUA

O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, atribui o declínio no volume a uma combinação de fatores, como a menor disponibilidade de produto após a safra recorde de 2024 e adversidades climáticas. No entanto, o principal causador da queda foi o “tarifaço” de 50% imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos cafés brasileiros.

Em setembro, o segundo mês de vigência das taxas, os Estados Unidos reduziram as importações do Brasil em 52,8% (adquirindo 332.831 sacas), caindo para o terceiro lugar no ranking mensal de destinos, atrás de Alemanha e Itália, que também reduziram suas compras.

Apesar do forte impacto, os EUA continuam sendo o principal destino do café brasileiro no acumulado do ano. Diante disso, Ferreira cobra urgência do governo brasileiro, citando as recentes sinalizações de abertura de diálogo do presidente Trump na ONU e em contato com o presidente Lula.

“Os exportadores brasileiros já sofrem fortes impactos nesses dois meses de vigência das taxas, com nossos parceiros importadores americanos solicitando a postergação ou mesmo o cancelamento dos negócios devido ao elevado encarecimento do produto impulsionado pelo tarifaço”, afirma Ferreira. O Cecafé solicitou reunião com o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, para reforçar a interdependência entre os dois países: “Somos os maiores produtores e exportadores globais e os Estados Unidos os principais importadores e consumidores do mundo. Não podemos relativizar o mercado americano para nossos cafés, tampouco eles podem abrir mão do nosso produto”.

Principais destinos (acumulado Jan-Set 2025)

Mesmo com a queda de 24,7% devido à taxação, os Estados Unidos seguem como o maior comprador no acumulado de 2025, com 4,361 milhões de sacas (15% do total).

Os demais no Top 5 são:

  • Alemanha: 3,727 milhões de sacas (-30,5%)
  • Itália: 2,324 milhões de sacas (-23,3%)
  • Japão: 1,891 milhão de sacas (+15%)
  • Bélgica: 1,703 milhão de sacas (-48,8%)

Arábica domina e cafés especiais disparam em faturamento

O café arábica continua o tipo dominante, representando 79,7% do total exportado (23,200 milhões de sacas).

Já os cafés diferenciados (certificados ou de qualidade superior) representaram 20,3% do volume total (5,913 milhões de sacas). Apesar da queda de 11% no volume, a receita com esses cafés disparou 48,6%, somando US$ 2,513 bilhões, graças ao preço médio mais elevado (US$ 425,00 por saca).

Os EUA também lideram as compras de cafés diferenciados, seguidos por Alemanha e Bélgica.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde