Garantir água potável de qualidade, para beber e tomar banho, de forma uniforme em todo o país até 2033 é a meta estabelecida pelo novo Marco Legal do Saneamento. O assunto foi tema da última reportagem da série especial “Água, alimento do mundo”, exibida no Café com Notícia, na rádio Itatiaia.
O desafio é expressivo: atualmente, um terço da população brasileira não tem acesso à água potável. O marco pretende padronizar normas e padrões de qualidade, independentemente da região. Especialistas avaliam que a meta é viável.
A bióloga e doutora em recursos hídricos Fernanda Raggi explica que a medida reforça um direito já previsto na Constituição. “Todo mundo tem que ter acesso à água de qualidade e em quantidade suficiente para sobreviver. O marco padroniza isso: água para beber e tomar banho, com os mesmos parâmetros em todo o país”.
Segundo Mariana Pereira Ramos, gerente de sustentabilidade do Sistema FAEMG, o avanço ganhou força em 2020, quando a Agência Nacional de Águas passou a se chamar Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). “A ANA define termos de referência que orientam as agências de saneamento, evitando grandes diferenças entre municípios”, afirma.
Para a gerente de desenvolvimento ambiental da Copasa, Luciana Campos, a uniformidade depende de um trabalho integrado. “É preciso preservar as fontes, adotar tecnologias de baixo impacto e acelerar a universalização do esgoto. Sem cuidar da água desde a origem, não há uniformidade possível”.
O uso consciente é outra peça-chave. Licínio Xavier, da Associação Mineira de Municípios, alerta: “A água, se você conservar, vai ser permanente. Mas se houver desperdício, pode faltar no futuro”.
O impacto da meta é sentido no dia a dia. Na Vila Bernadete, em Belo Horizonte, a estudante Isa Emanuele da Silva, de 9 anos, se hidrata várias vezes durante as aulas. Já em Diamantina, o produtor de queijo minas artesanal Everton Almeida depende de água limpa para manter a qualidade do produto.
A série “Água, alimento do mundo” também abordou irrigação no campo, reflexos nas cidades, perdas na distribuição e os desafios da universalização. O conteúdo está disponível na Itatiaia (95,7 FM, 610 AM), na rede Itasat e nas plataformas digitais.