O Brasil é um dos maiores produtores de batata da América Latina, com uma produção anual de mais de 4 milhões de toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o consumo per capita do produto é baixo.
O brasileiro consome em média, 4 kg de batata in natura por ano, enquanto países como Argentina e Portugal consomem até 20 vezes isso.
Por que o consumo é baixo?
Segundo o engenheiro agrônomo e presidente da Associação Brasileira da Batata In Natura (ABBIN), Marcos Boschini o consumo da batata no Brasil nunca foi alto, quando comparado com outros países da Europa ou até mesmo países da América do Sul.
“Por ele não fazer parte da dieta diária do brasileiro, sempre a fonte de carboidrato do brasileiro, prioritariamente foi sempre o arroz”, afirma Boschini à Itatiaia.
Porém, nos últimos anos teve uma queda no consumo da batata in natura. “Isso se deve a maior necessidade de praticidade de optar por um produto semi-industrializado”, explica o presidente da ABBIN.
“No período da pandemia, quando as famílias passaram a comer mais em casa, ficaram mais em casa, fizeram mais refeições em casa, o consumo teve um aumento significativo, mas as principais quedas no consumo da batata in natura se devem à concorrência com outros carboidratos e principalmente as famílias estarem comendo cada vez menos em casa”, afirma.
Como mudar o cenário?
Com o objetivo de mudar esse cenário, fortalecer a cadeia produtiva e promover o consumo da batata fresca, foi lançada a ABBIN – Associação Brasileira de Batata In Natura.
“A ABBIN nasceu da necessidade de levar ao conhecimento da população o valor nutritivo da batata. Isso é muito importante, porque a batata vinha ‘apanhando’ nas redes sociais como um produto que engorda. Lógico que a batata atrelada a uma gordura ela vai ter um índice calórico maior, mas a batata in natura assada, cozida em forma de purê, ela tem um índice glicémico baixo, ela tem um bom valor de carboidrato, ela tem mais potássio do que a banana, ela é menos calórica do que o arroz”, explica o presidente da associação.
“Hoje no Brasil nós temos uma capacidade de produção muito grande, mas nós temos que intermediar essa capacidade de produção com a capacidade de consumo, senão a remuneração do produtor se torna negativa e isso faz com que cada vez menos produtores tenham interesse em plantar batata”, explica Boschini sobre o incentivo aos produtores.
A ABBIN inicia as atividades com foco na educação do consumidor. Por meio de campanhas de conscientização, eventos, parcerias e apoio técnico aos produtores e distribuidores, a associação visa elevar o consumo e consolidar a batata como um alimento essencial na dieta do brasileiro.
“Nós acreditamos que com campanhas mostrando as boas características da batata, as vantagens de consumir batata, a versatilidade da batata nos pratos do dia-a-dia, a gente acredita que nós podemos melhorar o consumo. Por isso o trabalho com as redes de supermercado, trabalho com os nutricionistas, trabalho com médicos endocrinologistas”, afirma Boschini.
