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Avanço do Greening preocupa produtores de tangerina, laranja e limão em Minas; entenda

A preocupação da Emater-MG é com as regiões do Campo das Vertentes e Zona da Mata que vêm registrando expansão de áreas comerciais dedicadas à cultura

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) criou uma uma força-tarefa para impedir o avanço do Greening - principal bactéria que afeta as plantações de laranja, limão e mexerica - em novas áreas do estado. Saiba mais sobre o Greening ao longo da matéria.

A preocupação atual é com as regiões do Campo das Vertentes e Zona da Mata, que vêm registrando, nos últimos anos, uma expansão de áreas comerciais dedicadas à cultura. São mais de 2 milhões de plantas cultivadas recentemente.

A doença que atinge as lavouras não tem cura e já foi responsável pela erradicação de mais de 1 milhão de plantas contaminadas em propriedades mineiras desde 2017, principalmente nos cultivos de tangerina.

Minas é o segundo maior produtor de tangerina no país, com aproximadamente 225 mil toneladas por ano. O volume representa cerca de 21% da safra nacional. A área ocupada com a fruta é 13,5 mil hectares.

O estado também ocupa o segundo lugar nacional na produção anual de limão (104 mil toneladas) e de laranja (um milhão de toneladas).

O que é Greening?

O Greening, inicialmente chamado de “doença do ramo amarelo”, e posteriomente huanglonbing (HBL), ‘doença do dragão amarelo’, é considerada a doença dos citros - laranja, tangerina e limão - mais grave, em função da dificuldade de controle, da rápida disseminação e por ser altamente destrutiva.

O primeiro relato da doença foi feito da China, em 1919, espalhando-se daí para países da África e Oceania. No início do século 21, foi detectada no continente americano, exatamente nos dois países e estados maiores produtores de citros: os Estados Unidos (Flórida) e o Brasil (São Paulo) onde foi relatada em Araraquara em 2004, estando hoje em mais de 100 municípios produtores.

O Greening é transmitido por um vetor, um psilídeo - inseto espécie de mini-cigarra de cerca de três milímetros. A bactéria ataca os vasos principais da planta e, por isso, se distribui muito rápido. Assim, a poda não é suficiente para que o vegetal sobreviva.

Os sintomas surgem com mais rapidez na tangerina. Mas também há prejuízos severos nas lavouras de limão e laranja.

Nas lavouras onde é detectada a doença, é obrigatório eliminar as plantas que testaram positivo em amostras enviadas a laboratórios credenciados pelo Estado. O processo precisa ser realizado com a presença de representantes de órgãos de defesa vegetal.

‘Muitos produtores de tangerina de São Paulo e de outras regiões de Minas estão migrando para essas novas áreas, que ainda não foram atingidas pela doença. Além disso, há terras com preços mais vantajosos e maior disponibilidade de mão de obra. Isso tem gerado emprego e desenvolvimento nestas cidades, o que é ótimo. Mas se não houver uma prevenção contra a doença, em breve, muitos produtores poderão ter prejuízos’,
alerta o coordenador estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio.

Folhas afetadas pelo greening apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares. Nos frutos são observadas pequenas manchas circulares que contrastam com o verde normal.

Prevenção

Entre as medidas de prevenção, está o uso de mudas sadias e de viveiros certificados. Também deve ser feito o controle do psilídeo, com uso de agrotóxicos.

‘O inseto transmissor costuma se abrigar numa planta ornamental, conhecida como murta, muito encontrada em praças e jardins. A presença da murta em municípios com produção de citros também deve ser evitada. As prefeituras devem ficar atentas sobre isso’,
afirma o coordenador da Emater-MG.

Outra medida recomendada é a erradicação de pomares e plantas velhas, que não produzem mais, porém podem ser focos da doença.

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Reunião com prefeitos e secretários de agricultura

Nesta terça-feira (18), a Emater-MG irá promover, no município de Minduri, uma reunião com prefeitos e secretários de agricultura de vinte municípios das regiões do Campo das Vertentes e Zona da Mata. Também irão participar representantes do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), responsável pela defesa vegetal do estado, e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

“Vamos abordar todos os cuidados preventivos que esses municípios devem adotar para evitar que a doença chegue às propriedades e repita o que aconteceu em outras regiões de Minas e de São Paulo. Os técnicos da Emater-MG foram capacitados para orientar agricultores sobre os meios de prevenção e como proceder, caso alguma planta apresente os sintomas da doença. Mas é preciso que a classe produtora e as prefeituras também participem efetivamente deste controle”, explica Deny Sanábio.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde
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