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Você sabe o que é o Plantio Direto, que tem ‘dia nacional’ e até federação?

Técnica foi criada pelo norte-americano Edward Faulkner e trazida ao Brasil por Hebert Bartz e hoje é considerada uma das maiores evoluções da agricultura moderna

Essa semana - em 23 de outubro - comemorou-se o Dia Nacional do Plantio Direto, o método mais conservacionista de se trabalhar a terra. Ele foi criado na década de 1940 pelo americano Edward Faulkner e, uma década depois, já era praticado de norte a sul dos Estados Unidos. No Brasil, o pioneiro em sua adoção foi o catarinense Hebert Bartz, filho de imigrantes alemães que, em 1971, a implantou em 180 hectares de sua fazenda em Rolândia, no Paraná. Comprovado o sucesso e os benefícios da técnica, Bartz viajou o Brasil ensinando-a a outros agricultores.

O analista técnico de Formação Profissional Rural da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), Alexandre Matos Martins, disse à Itatiaia que trata-se de uma das técnicas de conservação do solo mais aceitas em todo o mundo. Caracteriza-se pelo revolvimento mínimo do solo, cobertura com ‘palhada’ (resíduos secos de vegetais que se encontram na superfície do solo) e rotação de culturas.

Ele explicou que a “palhada” funciona como se fosse um ‘telhado’ do solo, protegendo-o do efeito erosivo provocado por chuvas fortes e tempestades. Além disso, como essa ‘massa de folhas secas’ bloqueia a entrada de luz, há redução das plantas daninhas, pragas e doenças; aumento da matéria orgânica, melhorando a atividade microbiana do solo e, consequentemente o desenvolvimento da lavoura. Segundo ele, o sistema também promove uma redução dos custos, devido à menor necessidade de aplicação de defensivos.

Já a rotação de culturas - ora gramíneas, ora soja ou milho, por exemplo - é importante em função das diferentes exigências nutricionais de cada uma. “Há uma quebra no ciclo das pragas e nos tipos de nutrientes exigidos por cada cultura”, explicou.

Para o pesquisador da unidade de soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja), Henrique Debiasi, o plantio direto é revolucionário, por permitir que o agricultor deixe de arar a terra, acabando com a sua erosão, além de tornar possível a produção de mais de uma cultura na mesma área. Estima-se que produtividade da soja pode crescer de 30% a 40% com este método.

Grande aceitação entre os produtores

Para o consultor-master da Faemg, Walter Ribeiro, o plantio direto é uma das mais importantes evoluções na história da agricultura. “É um sistema simples que veio para ficar. Não existe mais agricultura convencional, a não ser que você esteja adotando o sistema convencional para chegar ao plantio direto”, disse. Alexandre concorda e disse que são poucos os produtores que ainda resistem.
“As grandes empresas do agro adotam e, entre os pequenos produtores, a aceitação é cada vez maior porque é economicamente viável e, ecologicamente, correto”. A única desvantagem, segundo Alexandre, é que é um processo mais demorado por causa do tempo de formação da palhada, mas o custo-benefício compensa e as vantagens são muito superiores. “Por meio do SPD, a água fica mais retida no solo, mesmo nos períodos de seca, ajudando as plantações a sobreviverem e evitando a perda de nutrientes”, explicou.

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Federação foi criada na década de 90

A Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto (FBSPD) foi criada em 1992 com a missão de contribuir com o desenvolvimento técnico e a expansão do SPD no Brasil. Atualmente, o sistema está implantado em 33 milhões de ha da área cultivada no país.

Hebertz Bartz faleceu em 2021, aos 83 anos, vítima de complicações de uma pneumonia.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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