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Tecnologia possibilita maçãs frescas o ano inteiro na mesa do consumidor; saiba como

Representante da Associação Brasileira dos Produtores explica o caminho da fruta: dos pomares, passando por sofisticados packings houses até chegar à mesa do consumidor

No Brasil, a maçã é colhida de janeiro a maio e, graças ao investimento em tecnologia feito pelos produtores, fica disponível o ano todo para o consumidor. Elas são armazenadas em câmaras frias em complexos agroindustriais (Packings Houses), fora das fazendas. Os principais estados produtores são o Rio Grande do Sul e Santa Catarina com produção média anual de um milhão de toneladas, dependendo da safra.

Leonardo Oliboni do Amaral, membro da Comissão Técnica da Associação Brasileira dos Produtores de Maças (ABPM), com sede em Vacaria, no Rio Grande do Sul (RS), explicou à Itatiaia que trata-se de uma cultura altamente tecnificada. Os produtores investem bastante em tecnologia com o intuito de melhorar ainda mais a qualidade das frutas, uma vez que, diferentemente, de commodities, como o milho e a soja, elas são classificadas e remuneradas de acordo com a qualidade que apresentam.

Frutas são separadas por categorias nos Parkings Houses

A classificação é feita em três categorias, chamadas de CATs 1, 2 e 3. Na Cat 1, entram as melhores maçãs, as mais vermelhas e sem defeitos. Na CAT 2, ficam as maçãs com pequenos defeitos e nem tão vermelhas (coloração intermediária) e na CAT 3 ficam as frutas que apresentam mais defeitos e menos coloração. As frutas que não se enquadram nessas 3 categorias ou não atingiram o peso mínimo para classificação, são destinadas à indústria de sucos, geleias e etc.

De acordo com Oliboni, essa separação é feita assim que as frutas recém-colhidas chegam ao Packing House porque o processo será determinante para saber em qual câmera fria ela ficará. Ainda na recepção, o lote é analisado com a coleta de amostras e feitos testes laboratoriais e análises físico-químicas para averiguar a qualidade das frutas.

Nas empresas de médio e grande porte, a separação inicial das frutas é feita por uma máquina que tira fotos das frutas e as classifica eletronicamente. “Elas passam por um leitor que faz uma pré-seleção para colocar as frutas na categoria correta”. Na sequência, ainda são submetidas a mais uma seleção. Desta vez, humana. Profissionais treinados separam manualmente as frutas e, a partir daí, elas vão direto para a refrigeração ou destinadas à indústria de sucos e geleias”, explicou.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul entregam maçãs em todo país

Os dois estados produzem as variedades Gala e Fuji e distribuem para todo o país. De acordo com o membro da Comissão Técnica da ABPM, a maior parte das frutas é transportada em caminhões refrigerados, mas há uma pequena parte que não. E aí está o gargalo. “Esse é um ponto crítico que sempre tentamos orientar. O que acontece é que nem todos os compradores dispõem de uma estrutura de armazenagem até o consumidor final”, lamenta Olibone.

Fora das câmeras frias, acontece o reinício do processo respiratório e é, nesse momento, que as frutas podem perder qualidade. Mas, de acordo com o técnico, esses são casos pontuais. De modo geral, as tecnologias de armazenagem são respeitadas pelos compradores e as frutas chegam em perfeito estado à casa dos consumidores, 365 dias por ano.

Inverno deste ano foi melhor que o de 2023

O ciclo da safra 2024/2025 está apenas começando, por isso ainda não é possível fazer uma previsão de quantas toneladas serão produzidas esse ano. Conforme a Associação Brasileira de Produtores de Maçã, a safra colhida no começo deste ano foi de 832 mil toneladas. A produção sofreu com as chuvas no segundo semestre do ano passado, o que resultou em uma queda no volume de produção. Apesar disso, os frutos colhidos apresentaram excelente qualidade.

Já o inverno deste ano é melhor que o de 2023 e não devemos enfrentar um ciclo extraordinariamente chuvoso como o da última safra, portanto a expectativa da Associação é de ter uma recuperação bastante expressiva do volume de produção.

O maior ano de produção foi 2017, com uma safra de 1,33 milhão de toneladas. Já o recorde de exportação foi em 2004, com 153 mil toneladas exportadas. É importante ressaltar que a maior parte da produção é destinada ao mercado interno.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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