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Onde está o brócolis? Legume desapareceu das prateleiras dos supermercados; saiba por quê

Especialistas da Emater-MG explicam porque o tradicional legume composto de várias hastes e pequenas flores está perdendo espaço para seu ‘concorrente’: o brócolis Ninja

Segundo leitora, brócolis ramoso é mais saboroso e suculento. E você? O que acha?

A pergunta veio de uma leitora. Cristina Jorge Orlando, que é dentista e mora em Belo Horizonte, ligou para a Redação pedindo pra gente investigar porque, de uns tempos pra cá, o brócolis ramoso sumiu dos supermercados e sacolões. Cristina gosta de cozinhar e, ultimamente, não tem encontrado o legume em nenhum estabelecimento. “Ele é muito mais saboroso, suculento e algumas receitas não ficam boas com o outro”, queixou-se.

O coordenador técnico Estadual de Olericultura, Georgeton Silveira, disse à Itatiaia que, de fato, há uma tendência mundial de produção do chamado ‘brócolis de cabeça única’ ou brócolis “Ninja” em detrimento do brócolis ramoso. O motivo? Ele é mais fácil de plantar, colher e embalar.

“Além disso, tem uma maior aceitação no mercado, devido às suas características visuais, como padrão e uniformidade da cabeça ou flor, facilidade e rapidez na colheita e oferece uma maior facilidade para ser embalado”, explicou.

Brócolis Ninja é preferido pela gastronomia por delicadeza dos ramos e padrão visual

Georgeton lembra que o brócolis ramoso precisa ser amarrado num maço e esse processo pode ser demorado. Se o colhedor não tiver agilidade e destreza para fazer isso, já era. “O outro não, é só colocar numa bandejinha e passar um plástico-filme. Hoje, no campo, por causa da dificuldade de mão de obra, ganhar tempo é muito importante”.

O outro motivo do legume ramoso ter perdido pontos na preferência do consumidor, segundo Georgeton, tem a ver com a alta gastronomia. “Como as hastes podem ser diferentes, com flores abertas ou fechadas, é difícil conseguir um padrão de produção, o que faz com que ele perca valor de mercado e reduz sua vocação para a culinária de alto padrão que preza muito as apresentações finais dos pratos”, explicou.

Mas não é só. O técnico da Emater-MG, Glauco Ferreira, lembra o Ninja tem “um maior tempo de prateleira” e de geladeira, mantendo-se íntegro por um tempo maior. “O CEASA e os supermercados só querem ele. O ramoso murcha rápido”, falou. Em contrapartida, segundo Glauco, o pobre do legume rejeitado tem uma vantagem que o Ninja não tem: depois de uma colheita, ele brota, se desenvolve bem e pode ser colhido novamente. O ‘outro’ não. Só vem ao mundo uma vez. Convenhamos: é uma vantagem que não pode ser ignorada.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.